Bispos propõem cultura de proximidade e de novas vizinhanças, com maior participação das famílias, dos jovens e no mundo digital
Lisboa, 01 jan 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) divulgou hoje a reflexão “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, com 53 pontos, sublinhando a necessidade de uma cultura de proximidade e de novas vizinhanças.
O documento, aprovado a 13 de novembro de 2020, na Assembleia Plenária da CEP, defende maior participação das famílias, dos jovens e no mundo digital.
O texto divulgado no primeiro dia de 2021 vem no seguimento do documento “Recomeçar e Reconstruir – Reflexão da CEP sobre a sociedade portuguesa a reconstruir depois da pandemia Covid-19”, aprovado a 16 de junho do último ano.
A reflexão destaca que a suspensão das celebrações comunitárias, em março de 2020, desafiou a “descortinar um outro modo de ser Igreja, feito não só de liturgia e de oração, mas de vida quotidiana”, convidando todos a “redescobrir a oração doméstica, promover uma autêntica espiritualidade familiar e levar a sério a liturgia da Palavra no lar”.
“A nossa sociedade precisa de uma Igreja que seja ‘hospital de campanha’ pronta a socorrer, a cuidar, a abrigar, como já o foi em tantos momentos de crise”, escrevem os bispos portugueses.
A CEP desafia as comunidades católicas a avaliar os seus “dinamismos de integração, criatividade e generatividade”, deixando orientações para “construir a fraternidade universal” e “comunicar nos ambientes digitais”, para anunciar a mensagem cristã de forma renovada.
“O Papa Francisco tem-se revelado um especialista nesta arte de pensar o Evangelho dentro da cultura e das grandes questões da humanidade: a crise ecológica e climática, o problema dos refugiados e da pobreza, a educação, a economia”, precisa o organismo episcopal.
Os bispos consideram que muitos cristãos ainda são “analfabetos do Evangelho” e ignoram a “gramática” utilizada na Igreja, desde os seus documentos ao que “realmente se celebra na liturgia”.
“A liturgia pode e deve ser evangelizadora, desempenhando um papel de iniciação para muitos que, sem formação, participam nas celebrações em momentos especiais da existência humana”, realça o texto.
Oxalá por todo o lado – das dioceses às paróquias, dos movimentos aos consagrados, do simples fiel aos professores, teólogos, eclesiólogos ou pastoralistas – se iniciem percursos sinodais de escuta prolongada, autênticos laboratórios de reflexão em ordem a uma ‘nova etapa da evangelização’”.
A reflexão assume “novos desafios de serviço e missão”, considerando que a pandemia “mostrou a importância dos grupos de acolhimento na Eucaristia” e a necessidade de recuperar o tradicional serviço dos “ostiários”, “acolhendo e saudando as pessoas em nome da comunidade, dando indicações e encaminhando-as para o respetivo lugar nos espaços celebrativos”.
Os bispos destacam ainda o serviço da comunicação, “pela presença nas redes sociais e no uso dos meios digitais, contribuindo para a unidade da comunidade cristã e para a abertura missionária”.
A CEP desafia as comunidades católicas a “pensar a pastoral a partir dos últimos” e “preparar os planos pastorais a partir das periferias”, para envolver todos os serviços paroquiais “num plano integrador, mais que assistencial”.
“Passar de uma pastoral de manutenção a uma pastoral missionária é uma conversão que vai durar o seu tempo. Não pode haver pressa, mas é necessário planear, definir objetivos e percursos para lá chegar”, sustenta o organismo episcopal.
O documento sublinha a importância da participação das novas gerações para uma “renovação e conversão pastoral”.
O domínio do digital dá-lhes uma forma nova de ver a realidade. Além disso, são peritos na abertura à novidade, ao diferente, às pessoas e aos povos. Com eles a fraternidade é mais possível.
A CEP aponta à edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que Lisboa vai receber no verão de 2023, pedindo que os jovens sejam “agentes da evangelização”.
“Que Maria, a Mãe do Evangelho, acompanhe todos os seus filhos, os assista nos perigos desta pandemia e lhes dê a saúde esperada, juntamente com a paz, a solidariedade e o conforto do amor recíproco. Todos irmãos e irmãos de todos”, conclui o documento.
OC