Paróquia de Algueirão, Mem Martins e Mercês apoia uma das freguesias mais numerosas da Europa
Sintra, 15 mai 2020 (Ecclesia) – O diretor-geral do Centro Social Paroquial de Algueirão, na Diocese de Lisboa, explica que passaram de “100 refeições a 1000” na pandemia provocada pelo coronavírus Covid-19 que se tornou também uma crise económica com pobreza, desemprego e fome.
“Foi um boom de pedidos de apoios alimentares, passámos de 100 refeições a 1000 refeições, muita gente nova que agora, devido a todas essas paragens,16 tiveram de apelar aos nossos serviços”, disse o irmão Cristinel Gherfi, em declarações à Agência ECCLESIA.
O religioso da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência explica que os pedidos de apoio alimentar são “também consequência de gastar o dinheiro no pagamento das faturas, das rendas e medicação”.
O programa ‘70×7’ deste domingo (17 de maio), transmitido às 18h05 na RTP 2, dá a conhecer a rotina do Centro Social Paroquial da Igreja de Algueirão, no concelho de Sintra, numa “das maiores freguesias da Europa”, com “mais de 20 nacionalidades reconhecidas”.
O irmão Cristinel Gherfi revela houve uma alteração no perfil das pessoas que agora passaram a receber ajuda e não recorria a estes serviços de apoio, porque “tinham uma vida tranquila” e “chegaram em momentos de fragilidade, por exemplo dentistas, advogados”, para quem é “muito difícil uma situação estas, ainda mais ter que pedir”.
A assistente social Ângela Melo acrescenta que já tinham “bastantes famílias” a serem ajudadas mas, neste momento, têm “uma média de três, quatro pessoas/famílias que vêm pedir apoio por dia” e que estão “sem estrutura”, perderam os empregos que “geralmente são instáveis e precários”.
“Temos o exemplo de uma pessoa que conduz Uber, pessoas que faziam limpezas em casas, a construção civil alguns não tinham contrato e perderam os seus empregos”, exemplificou a coordenadora da área do emprego e ação social no Centro Social Paroquial de Algueirão.
Antonieta Brasil é utente do apoio alimentar e revela que é “importantíssimo” este auxílio porque deixou de trabalhar, antes da pandemia, e quando começou à procura “foi um bocado difícil” porque a idade “não ajuda”, quase nos 47 anos, e por causa do confinamento imposto pelo coronavírus covid-19 “é mais complicado”.
“Neste momento é casa, casa, e vir aqui pedir este pequeno miminho e vai-se vivendo o dia-a-dia”, acrescentou sobre um dia-a-dia que “seria muito difícil” sem outras fontes de rendimento.
Para Hermínia Brito, “reformada por incapacidade” e a cuidar de um menino com cinco anos diagnosticado com epilepsia, também é “muito importante” a ajuda alimentar do Centro Social Paroquial de Algueirão, onde foi “pedir pela primeira vez” porque as pessoas “não podem dizer: ‘desta água não beberei’”.
O diretor-geral do centro, o irmão Cristinel Gherfi, explica que tiveram de encontrar soluções e dar uma “resposta mínima, digna”, às pessoas que lhes batem à porta para além de “exortar a comunidade a pedir a ajuda divina” e um dos programas são as “refeições solidárias”, e têm “o apoio de algumas instituições parceiras, tanto da Igreja como civis”, para além da “mobilização da comunidade, da paróquia”.
A assistente social Ângela Melo, que trabalha no centro há quase há 19 anos, afirma que, “em tempo de crise, o país é fantástico, as pessoas são fantásticas” e desde as instituições/organizações mas também empresas particulares e as pessoas individuais “todos os dias, alguém, nem que seja com uma palete de leite aparece para entregar qualquer coisa”.
Maria Gabriela Oliveira, voluntária há 12 anos, dá conta no programa ‘70×7’ deste domingo (18h05 RTP 2) que o trabalho “cresceu bastante” nos últimos meses e, agora, “com muito mais movimento” entra às 16h00 e não tem “horário de saída”, começa por “arrumar tudo o que vem dos supermercados, pastelarias e restaurantes e depois entregar aos utentes”.
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