Confederação internacional católica dirige-se ao G7 e pede «respostas inovadoras e sem precedentes», face a momento de crise
Lisboa, 11 jun 2021 (Ecclesia) – A Confederação Internacional da Cáritas pediu aos governos do G7 que cancelem a dívida aos países pobres e invistam essa verba no combate à Covid-19 e às alterações climáticas.
“É impossível a reconstrução sem cancelar a dívida aos países pobres e reinvestir os fundos nas respostas e na recuperação à Covid-19, e no combate às alterações climáticas”, afirma a organização católica, presente em cerca de 200 países e territórios, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
“A Covid-19 mostrou à lupa as crescentes desigualdades sociais no mundo. A única forma de reconstruir o futuro tem de ser eliminando tais injustiças”, assinala Aloysius John, secretário-geral da Caritas Internationalis.
A reunião do G7 tem hoje início na Inglaterra, e estende-se até domingo, juntando presencialmente os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
A ‘Caritas Internationalis’ insiste no perdão da dívida dos países do sul e deixa um alerta: “Espera-se que os governos africanos paguem 23,4 mil milhões de dólares em dívidas a credores privados em 2021 – isso é três vezes superior ao custo da aquisição de vacinas para todo o continente”.
“Na Zâmbia, por exemplo, 45% do orçamento anual do Governo é canalizado para a dívida. Como é que um país se pode reconstruir com tamanho fardo? E como pode responder à Covid-19 se os poucos recursos disponíveis não podem ser usados para fortalecer o sistema nacional de saúde – onde se incluem organizações religiosas –, que poderiam armazenar e distribuir vacinas?”, pode ler-se no comunicado.
A confederação de 165 organizações humanitárias da Igreja Católica fala nas “dramáticas consequências” que a dívida coloca para as pessoas dos países em desenvolvimento.
Desde o início da pandemia, a ‘Caritas Internationalis’ tem pedido à comunidade internacional para ajudar a “financiar uma justa recuperação para todos”.
A Cáritas junta a sua voz ao “grito dos mais pobres” e pede que os países do G7 “conduzam o caminho para uma recuperação e resposta à Covid-19, de forma a ajudar os mais afetados pela pandemia, auxiliando numa recuperação justa e ecológica”, sendo que o primeiro passo para que tal possa acontecer “é assegurar que todos os pagamentos da dívida sejam cancelados, incluindo a credores privados”, indica Aloysius John.
“A ‘Caritas Internationalis’ pede ao G7 que pare o pagamento de dívida aos credores privados, que estes possam comprometer-se com o Quadro Comum do G20 para o Alívio da Dívida e que os governos do G7 se comprometam a explorar outras opções legislativas e iniciativas de reestruturação à dívida, encorajando à participação dos credores privados nesse processo”, sublinha a nota.
Em causa estão respostas a necessidades imediatas para enfrentar a Covid-19, “nomeadamente o fortalecimento dos sistemas de saúde, redes de segurança social, acesso a vacinas”, bem como “uma recuperação justa e verde de maneira que não aprofundem a crise da dívida nos países do sul”.
“O atual momento de crise exige respostas inovadoras e sem precedentes”, sublinham, sendo esta uma forma de demonstrar que “estão a ser levadas a sério as conversas da COP26 e o enfrentar a crise climática, incluindo o compromisso para acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis”, conclui a confederação internacional da Cáritas.
LS