«Não sei se esta crise se prolongará tanto no tempo, mas é mais brusca do que a anterior» – Carlos Oliveira
Faro, 05 nov 2020 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana do Algarve tem uma linha de financiamento de 50 mil euros para as vítimas da crise económica provocada pelo Covid-19 e contabiliza que os novos pedidos de ajuda aumentaram cerca de 63% desde o início da pandemia.
“A fonte de rendimento diminui e para que possa haver dinheiro nas famílias para alimentação e para comprar alguma peça de roupa, elas vão retirar do dinheiro que seria para pagar a renda da casa, a água, a luz e o gás”, disse o presidente da Cáritas Diocesana do Algarve
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo jornal ‘Folha do Domingo’, Carlos Oliveira lembrou que atenderam “39 famílias numa das últimas quintas-feiras, em duas horas”, e adianta que os novos pedidos de ajuda aumentaram cerca de 63% desde o início da pandemia.
“Não sei se esta crise se prolongará tanto no tempo, mas é mais brusca do que a anterior. A outra foi ao longo de anos. Esta, no espaço de seis meses, deixou as famílias sem rendimentos”, acrescentou Carlos Oliveira, assinalando que que “70% dos hotéis vão fechar agora, o que significa que vai haver um elevado nível de desemprego”.
Os 50 mil euros vão apoiar os pedidos de ajuda provenientes de três campanhas lançadas há cerca de três semanas pela Cáritas Diocesana que têm como objetivo a recolha de alimentos, produtos de higiene e de material escolar, mas também o pagamento de rendas de casa ou despesas de alojamento, medicação, propinas ou contas da água, da luz ou do gás.
A campanha ‘Colega a Colega’ vai ser implementada nas paróquias pelas crianças da catequese, grupos de jovens e escuteiros dos agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas (CNE) para colegas com necessidades que identifiquem no contexto paroquial ou escolar; Também a nível paroquial a campanha ‘Vizinho a Vizinho’ é dirigida às famílias para apoiar outras que identifiquem na sua área de residência, mas também no trabalho ou nas relações sociais.
A terceira campanha é a ‘Linha da Frente Universitária’, promovida em parceria com a Capelania da Universidade do Algarve, para ser dinamizada pelos universitários.
Segundo Carlos Oliveira “já desde há 3 ou 4 anos que havia pedidos” de apoio na Cáritas para pagamento de propinas por parte de estudantes portugueses e luso-africanos e lembra que “os serviços académicos também contemplam este tipo de apoios”, por isso, “não poderá haver uma duplicidade” de ajudas.
O presidente da Cáritas Diocesana do Algarve explicou que a nova linha de financiamento, sugerida pelo bispo do Algarve, é constituída por fundos próprios da instituição: O peditório público anual, o peditório anual nas igrejas e a campanha de Natal ’10 milhões de Estrelas – um gesto pela Paz’, que anualmente recolhe cerca de “18 mil euros”.
As iniciativas surgem na sequência da nota pastoral do bispo D. Manuel Quintas que pediu que se avaliasse a necessidade da reestruturação do serviço sociocaritativo na Igreja diocesana.
A Cáritas Diocesana do Algarve está a apoiar semanalmente 35 famílias, num total de 89 pessoas, com produtos frescos e secos provenientes do Banco Alimentar Contra a Fome e de doações, particularmente de “dois estabelecimentos comerciais de renome nacional que todos os dias fazem entrega de alimentos e produtos”.
O jornal ‘Folha do Domingo’ divulga que são ainda ajudados mais 73 agregados familiares, num total de 230 pessoas, com os alimentos provenientes do FEAC – Fundo Europeu de Apoio a Carenciados.
CB