Covid-19: Bispo de Viana do Castelo afirma que «amor à vida» leva «a eliminar programa» da romaria da Senhora d’Agonia

«O amor tem que se adaptar às circunstâncias em que as pessoas vivem» – D. Anacleto Oliveira

Viana do Castelo, 20 ago 2020 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo disse hoje que a festa em honra da Senhora d’Agonia “nasceu pelo amor à vida” e, por essa razão, o programa da romaria é este ano diferente no contexto da pandemia Covid-19.

“O que é que nos leva a eliminar todo esse programa, que atrai multidões a esta cidade, o que é que nos faz eliminar tudo isso, uma palavra: Pelo amor à vida”, afirmou D. Anacleto Oliveira, no Santuário de Nossa Senhora d’Agonia.

Na homilia da solene concelebração eucarística, o bispo diocesano explicou que o centro da romaria da Senhora da Agonia, “a razão de ser desta festa, está no amor à vida”.

“Só que o amor tem que se adaptar às circunstâncias em que as pessoas vivem”, realçou na Missa campal.

D. Anacleto Oliveira assinalou que aquilo que as pessoas fazem noutras alturas “como expressão do amor” e que contribui para a sua vida e a “vida dos outros”, como “o convívio, a reinação, a brincadeira, o baile”, “neste momento colocaria em perigo a vida dos outros e a própria vida”.

“É por isso que tenho de renunciar a tantas coisas que gostaria de ter, que seriam extremamente úteis a mim e aos outros, por amor à minha vida e à vida dos outros. Este amor é muito mais autêntico, o amor verdadeiro é aquele que é provado, é aquele em que mais tenho de renunciar a mim próprio, aos meus gostos, aos meus interesses. Esse sim, é um amor verdadeiro, que se sacrifica como uma mãe o faz pelos seus filhos”, desenvolveu.

O bispo de Viana do Castelo destacou que neste “momento único” na história da romaria da Senhora da Agonia, “sem aquele programa sem o qual como que não existe romaria”, não terão “a procissão ao mar”, esta sexta-feira “o desfile das mordomas, no sábado o cortejo etnográfico”, que é um “momento de convívio”, nem no “no domingo a procissão à cidade, também ela marcante”.

“Muitos diriam, não temos nada. É momento único na história desta romaria e esperamos que seja único também em relação ao seu futuro e como tal vai ser inesquecível”, observou.

Para D. Anacleto Oliveira, as festas deste ano “talvez sejam das mais genuínas e autênticas”, não por aquilo que não vão fazer “mas “pela razão pela qual o não fazer” que “tem muito, muito a ver com a fidelidade de qualquer festa”.

“A festa, a romaria da Senhora da Agonia, não tem este ano o programa que tem habitualmente pelo nosso profundo amor à vida, e a festa quando se faz com todo o seu programa tem também apenas essa finalidade”, salientou.

O bispo diocesano assinalou que se está a viver um “momento histórico” e, “muito infelizmente”, o surto do vírus Covid-19 “está a alastrar, outra vez”, por muitos lugares, por pessoas que vão de férias, “ou seja, que se esqueceram da situação em que viviam e perderam o amor à vida”.

“Quando isto se perde, então, em vez da vida, temos a morte. Recordo, este momento é único não tanto pelo aquilo que não fazemos mas pela razão pela qual o não fazemos e essa razão está no coração das festas da Senhora da Agonia”, acrescentou.

Na homilia da solene concelebração eucarística no Santuário de Nossa Senhora d’Agonia, o bispo de Viana do Castelo explicou que a romaria nasceu “pelo amor à vida que os homens do mar, acima de tudo, sentiam fugir-lhe” e pediam que, “através dela pelo seu filho, que lhes desse a vida nos momentos de tormenta” e que nos seus trabalhos proporcionasse a vida que os seus familiares, que a sociedade em geral, precisava através do seu trabalho.

CB

 

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