Irmão Vitor Lameiras alerta para o necessário investimento na área
Lisboa, 09 out 2020 (Ecclesia) – O provincial da Ordem Hospitaleira de São João de Deus em Portugal, irmão Vítor Lameiras, afirmou à Agência ECCLESIA que a “saúde mental continua a ser parente pobre da saúde” e que o isolamento exigido pela pandemia veio mostrar “maiores preocupações” e a “fragilidade” de respostas.
“Saúde mental continua a ser o parente pobre da saúde e da sociedade apesar da pandemia Covid-19, que veio mostrar novas necessidades – as pessoas em isolamento mostraram preocupações em saúde mental maiores – e veio mostrar a fragilidade da resposta que temos”, aponta o responsável.
O irmão Vitor Lameiras lamenta que, em tempo de pandemia, “não terem conseguido dar a resposta” que gostariam porque houve a necessidade de fechar serviços para ajudar os hospitais a dar resposta efetiva à Covid-19.
“Tivemos de fechar serviços, centro de dia, ambulatório, alguns que já reabriram e, por outro lado, aumentámos serviços assistenciais porque abrimos camas de retaguarda aos hospitais para que pudessem dar resposta efetiva à Covid”, explica.
Os serviços tiveram “maior procura” e surgiram as teleconsulta e mais respostas de apoio domiciliário, no entanto o irmão Vitor Lameiras destaca o investimento necessário nesta área da saúde.
“Desafiar a que é necessário investir na saúde mental, o Governo tem isso em atenção, tinha intenção para este ano que se aplicasse o eterno plano de saúde mental que vem do ano 2010 e agora vai ser mandado para a frente e comprometer a aplicar realmente”, aponta.
Outra das respostas passa pela “concretização de uma rede nacional de cuidados continuados de saúde mental que teima em não sair das experiências piloto”, da qual a Ordem também faz parte.
O responsável sublinha ainda as respostas de apoio, em tempo de pandemia, às campanhas lançadas, “seja da sociedade civil que respondeu bastante, seja de autarquias que fizeram doação de equipamentos”.
Os irmãos de São João de Deus, com oito estabelecimentos em Portugal e 80% das respostas ligadas a psiquiatria e saúde mental, têm cada vez menos religiosos e mais idosos.
“A Ordem em Portugal eu creio que está bem, sobretudo na base de respostas de intervenção de missão, onde os colaboradores são importantes, sendo que os religiosos estão mais idosos e são menos, os colaboradores têm um compromisso com a nossa missão, nesse sentido passa o futuro em que a prática da hospitalidade se transforma em partilha social”, destaca.
O tempo de pandemia “veio abrir outras portas”, nomeadamente a ligação através da Internet, seja para “reuniões e trabalho, mesmo que isolados em casa” mas não basta.
“Não podemos viver agarrados a um PC, a sociedade tem de viver a hospitalidade e a nossa ordem tem construído pontes onde está e sendo exemplo de viver a espiritualidade do acolhimento”, refere.
Este sábado, 10 de outubro, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, o tema que vai estar em destaque na emissão do Programa ECCLESIA, no domingo, na Antena 1 da rádio pública (06h00).
CB/SN