Padre José Oliveira de Sá explica tradição «muito caraterística» da vila
Viana do Castelo, 19 jun 2014 (Ecclesia) – A Vila de Caminha, em Viana do Castelo, vai ser hoje palco de uma das mais emblemáticas procissões do Corpo de Deus, em que as ruas enfeitadas com tapetes de flores saúdam a passagem de Cristo Ressuscitado.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre José Oliveira de Sá, responsável pela comunidade católica local, sublinha que a tradição dos tapetes, “muito caraterística” e “própria desta vila”, é uma forma das pessoas darem “o máximo de esplendor e de beleza” à solenidade do Corpo de Deus.
Um trabalho que começa por vezes “um mês antes” da realização do cortejo, com o envolvimento de todas as paróquias do Arciprestado de Caminha.
A distância percorrida no dia da procissão é “bastante considerável” e “só cortar os verdes para as ruas todas é um trabalho moroso, que junta as várias comissões de festa”, sublinha o pároco.
A partir das 16h00, as comunidades católicas vão juntar-se com os seus estandartes e bandeiras junto à igreja Matriz de Caminha.
Depois vão percorrer todo o centro histórico local rumo ao templo primitivo da vila, na freguesia de Vilarelho, antes de cumprirem todo o percurso de volta.
A celebração do Corpo de Deus em Caminha atrai todos os anos milhares de pessoas, motivadas não só pela beleza dos tapetes floridos e enfeitados com serrim pintado, verdes e sal, mas também pela curiosidade à volta do tema escolhido para a festa.
De acordo com o padre José Oliveira de Sá, “os tapetes e sobretudo os desenhos”, que contam com o trabalho de “vários artistas”, são muitas vezes “feitos em função do ano pastoral que a Diocese ou a Igreja está a celebrar”.
“Quando foi o Ano da Fé (n.r. 2012-13) tinha imensos motivos sobre isso, é uma catequese ao vivo”, realça o sacerdote.
A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo começou a ser celebrada há mais de sete séculos, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula ‘Transiturus’, em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.
Na origem, a solenidade constituía uma resposta a heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia, tendo-se afirmado também como o coroamento de um movimento de devoção ao Santíssimo Sacramento; terá chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus.
A "comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa" (Urbano IV) recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo.
A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que "onde, a juízo do bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo" (cân 944, §1).
O tema da festa do Corpo de Deus, em particular a procissão em Caminha, esteve em destaque no programa ECCLESIA na Antena 1, às 06h00.
LS/JCP