Coreia do Sul: Francisco partiu de Roma com apelos à reconciliação entre Norte e Sul na bagagem

Papa vai beatificar mártires de uma Igreja em crescimento

Cidade do Vaticano, 13 ago 2014 (Ecclesia) – Francisco partiu hoje de Roma com destino à Coreia do Sul, na primeira visita papal a este país em 25 anos, levando na bagagem apelos à reconciliação da península e atenção particular à comunidade católica em crescimento.

O voo de 8970 quilómetros e 11 horas e meia, acompanhado por cerca de 70 jornalistas, vai sobrevoar o espaço aéreo da China, o que acontece pela primeira vez numa viagem pontifícia.

A primeira Missa pública da viagem de cinco dias está marcada para sexta-feira, em Daejeon, a partir das 10h30 (menos oito horas em Lisboa), no estádio de Daejeon, localidade onde nasceu Santo André Kim Taegon, primeiro padre e santo coreano.

Os fiéis presentes vão rezar pela “concórdia e unidade” da nação coreana, manifestando a “tristeza e sofrimento” pela divisão da península.

No sábado, de volta a Seul, Francisco vai estar no Santuário dos Mártires de Seo So Mun para presidir a outro momento marcante da sua viagem: a missa de beatificação de Paulo Yun Ji-chung e dos seus 123 companheiros, mortos durante a perseguição contra os cristãos em finais do século XVIII e no século XIX.

A cerimónia prevista para as 10h00 locais inclui uma oração pela “paz social e política” na Coreia, pedindo para que o seu povo “caminhe rumo à reconciliação e à unidade, vencendo a triste experiência da divisão, a fim de que possa gozar a alegria da unificação pacífica”.

Nesse mesmo dia, num encontro de oração com as comunidades religiosas coreanas, o Papa e os participantes vão rezar “pela reconciliação e a unidade da Coreia do Sul e do Norte”.

O último dia de Francisco na Coreia do Sul, segunda-feira, será marcado por uma eucaristia ‘pela Paz e pela Reconciliação’ na Catedral de Myeong-dong, arredores de Seul, durante a qual se vai rezar “por todos os que sofrem com a divisão” por motivos “históricos, políticos, económicos e religiosos”.

O porta-voz do Vaticano desvalorizou o facto de as autoridades de Pyongyang, Coreia do Norte, terem recusado a participação de uma delegação do país nesta Eucaristia final e disse que a Santa Sé não fecha portas a “outras eventuais iniciativas e possibilidades” que os coreanos “saberão criar”.

A viagem pontifícia, entre quinta e segunda-feira, decorre no âmbito da Jornada da Juventude Asiática, que o Papa vai encerrar no domingo.

Antes, na praça de Gwanghwamun, em Seul, Francisco vai beatificar 124 mártires da primeira geração de católicos na Coreia, mortos entre finais do século XVIII e no século XIX.

A lista é encabeçada por Paul Yun Ji-chung, decapitado em 1791, ano em que começaram as perseguições que vitimaram vários milhares de pessoas.

Os novos beatos são 123 leigos e um padre, o sacerdote chinês James Zhou Wen-mo, enviado pelo bispo de Pequim, o português D. Alexandre de Gouveia (1731-1808), e martirizado em maio de 1801.

Segundo dados divulgados pelo Vaticano, a Igreja Católica na Coreia do Sul conta atualmente 5,3 milhões de fiéis, que correspondem a 10,7 por cento da população; em 1984, na primeira visita de João Paulo II à Coreia do Sul, os católicos eram cerca de um milhão.

De acordo com o padre Álvaro Pacheco, missionário português no país asiático, o catolicismo é a religião que “tem crescido mais nas últimas décadas”, sobretudo por causa da fama do antigo cardeal coreano Stephen Kim Sou-Hwan, que faleceu com 86 anos na Coreia do Sul, em 2009, que se destacou pela luta “contra as ditaduras e defesa dos direitos humanos, dos trabalhadores”.

OC

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