COP28: «Temos de acreditar que se chegue a acordos ambiciosos» – Jorge Wemans

Vigília «por um planeta amigo da vida» quis chamar a atenção dos responsáveis políticos presentes na Cimeira do Clima

Lisboa, 25 nov 2023 (Ecclesia) – Jorge Wemans, um dos promotores da vigília “por um planeta amigo vida”, que decorreu na noite desta sexta-feira, em Lisboa, defendeu que é necessário ter esperança na COP28.

“Temos de acreditar que é possível que na COP 28 se chegue a acordos ambiciosos, credíveis e que sejam capazes de ser monitorizados, isto é, que se possa saber para além de se assinar um acordo, que ele é passível de ser verificado posteriormente. É isso que esperamos que os líderes mundiais reunidos no Dubai tenham a coragem mínima de dar passos seguros na preservação do planeta e da vida humana no planeta”, referiu em entrevista à Agência ECCLESIA.

No átrio da Igreja de Santa Isabel, várias pessoas reuniram-se sob o lema “Salvar o planeta, defender a vida”, numa vigília que decorre nas vésperas da COP 28, que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade portuguesa para combater a crise climática e colocar “pressão” sobre os governantes que vão representar Portugal.

Para Ana Loureiro, porta-voz do Grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel, que organizou a iniciativa a que se juntou a associação Rede Cuidar da Casa Comum, é necessário que os representantes “tomem uma posição firme, assertiva, pró-ativa” para que desta cimeira “saiam decisões concretas”.

“É verdade que por um lado são precisas mudanças individuais, do nosso estilo de vida quotidiano. É verdade que muitas pessoas já fazem esse caminho, umas mais rápido, outras mais devagar, mas também é verdade que nós não podemos pôr a responsabilidade só nas pessoas. (…) É preciso que haja de facto uma mudança que leve à redução ou mesmo ao corte total da exploração dos combustíveis fósseis”, alertou.

Jorge Wemans considera que a “sociedade portuguesa ainda está muito pouco consciente do esgotamento do planeta” e adverte para a necessidade de reduzir.

“É importante reciclar, é importante ter comportamentos de reuso, mas o que é verdadeiramente significativo no comportamento individual e no comportamento familiar é a redução de recursos”, assegurou.

“É certo que daqui a milhões de anos o planeta terra continuará a existir, pode é não haver vida nesse planeta. Se continuarmos assim como estamos não haverá vida, é seguro. O planeta continuará, o planeta deixará de ser azul, visto do espaço será muito entre outro”, indicou.

Ana Loureiro destacou o facto de o Papa Francisco tem sido um grande impulsionador da defesa do meio ambiente e recordou que quando escreveu a encíclica Laudato si’, a carta foi muito “bem acolhida” até fora da Igreja Católica: “Muitas pessoas de facto valorizaram muito essa tomada de posição”.

“O que o Papa Francisco nos propõe não é apenas que olhemos para o planeta de um lado e para a humanidade do outro, mas que percebamos que há um só problema que é o problema da degradação deste planeta que é ao mesmo tempo a degradação da humanidade”, salientou Jorge Wemans.

Uma das atividades da vigília, que teve início às 18h30 e se prologou até às 07h30 de dia 25 de novembro, foi a realização de um momento inter-religioso.

Padre Peter Stilwell
Foto: Agência ECCLESIA/LFS

De acordo com o Padre Peter Stilwell, diretor do Departamento de Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa, considera que a defesa do meio ambiente é uma questão transversal a todas as religiões.

“O que nós confiamos é que apesar de tudo, para lá dessa loucura que às vezes atravessa a humanidade, estamos nas mãos de Deus e que ele nos quer bem. E, portanto, há sempre a confiança de fundo que nos permite olhar o mal e não ver nele a palavra final sobre o destino humano”, indicou.

A Encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco levou à constituição da Rede Cuidar da Casa Comum, que tem como objetivo sensibilizar para problemas ecológicos e que se juntou a esta iniciativa antes da COP28, que vai ter a presença do Papa Francisco.

LFS/LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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