COP28: Secretário de Estado do Vaticano representa o Papa no Dubai

Cardeal Pietro Parolin vai ler discurso preparado por Francisco, na Cimeira do Clima

Cidade do Vaticano, 01 dez 2023 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano vai representar o Papa na COP28, que decorre no Dubai, e apresentar a mensagem que Francisco tinha preparado para a Cimeira do Clima, este sábado, anunciou a Santa Sé.

“Posso confirmar que o Secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, presidirá à delegação da Santa Sé já presente no Dubai por ocasião da COP28, a fim de trazer, no sábado, 2 de dezembro, o contributo que o Santo Padre teria gostado de dar”, refere uma nota enviada aos jornalistas pelo porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Já no domingo, o cardeal Parolin e o prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Ayuso Guixot, representam o Papa na inauguração do Pavilhão da Fé.

Francisco pediu que a COP28 seja um “ponto de viragem” no combate às alterações climáticas.

“Se temos confiança na capacidade de o ser humano transcender os seus pequenos interesses e pensar em grande, não podemos renunciar ao sonho de que a COP28 leve a uma aceleração da transição energética. Esta conferência pode ser um ponto de viragem”, escreveu Francisco, na sua conta da rede social ‘X’.

O Papa assinalou, noutra mensagem, a necessidade de uma estratégia comum, em que todos os participantes sejam “capazes de pensar mais no bem comum e no futuro dos seus filhos, do que nos interesses contingentes de algum país ou empresa”, para que “possam assim mostrar a nobreza da política, e não a sua vergonha”.

Na tarde de quarta-feira, o Vaticano anunciou do cancelamento da viagem de Francisco ao Dubai, onde iria participar na COP28.

“Como podeis ver, estou vivo. O médico não me deixou ir ao Dubai, porque está muito calor lá, e passa-se do calor para o ar condicionado. Isso, nesta situação dos brônquios [não é não é conveniente]. Graças a Deus não era pneumonia. É uma bronquite muito aguda, infecciosa”, explicou Francisco, esta quinta-feira, numa das audiências que concedeu, no Palácio Apostólico.

Na sua nova exortação ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), publicada a 4 de outubro, o Papa desafia os participantes da COP28 a fazer desta cimeira do clima uma ocasião “histórica”, promovendo uma transição urgente para “energias limpas” e abandonando os combustíveis fósseis.

“Não podemos renunciar ao sonho de que a COP28 leve a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente. Esta Conferência pode ser um ponto de viragem”, escreve.

Francisco apela à assunção de “fórmulas vinculantes de transição energética que tenham três caraterísticas: eficientes, vinculantes e facilmente monitoráveis”.

A nova exortação sobre o tema da ecologia integral visa dar continuidade à reflexão da encíclica ‘Laudato Si’ (2015), publicada antes da COP de Paris.

Os trabalhos são acompanhados, entre outras instituições, pela ‘Caritas Internationalis’, confederação de 162 organizações nacionais membros, incluindo a Cáritas Portuguesa, que vai “instar os líderes estatais a apoiar as nações do sul global, que suportam um fardo desproporcionado dos impactos da crise climática”.

A Cáritas defende o estabelecimento de um fundo de perdas e danos “adequado à finalidade que realmente atenda às necessidades das pessoas na linha de frente da emergência climática”.

A COP28 “deve proporcionar uma forma de diálogo objetiva e construtiva para garantir o objetivo do balanço global e motivar as partes e a cooperação internacional a demonstrarem progressos”, refere uma nota da organização católica.

Alistair Dutton, secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, considera que “se os líderes não se unirem com ambição e coragem para enfrentar as questões das alterações climáticas e, em particular, das perdas e danos, não se chegará a lado nenhum no Dubai”.

Na preparação para a COP28, a Caritas lançou duas publicações que destacam o “impacto devastador” que as alterações climáticas estão a ter nas comunidades vulneráveis em diferentes regiões, sobre os deslocados e as perdas ou danos “não económicos”.

OC

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