Cardeal de Kinshasa defende «compensação para países que sofrem com os impactos climáticos, mas não são responsáveis por causá-los»
Sharm el-Sheikh, Egito, 07 nov 2022 (Ecclesia) – Líderes da Igreja em África e organizações católicas presentes na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre no Egito, apelaram soluções climáticas para as comunidades mais vulneráveis.
“As alterações climáticas são uma realidade vivida por milhões de pessoas em toda a África. Comunidades em todo este continente estão a sofrer todos os dias com o aumento da frequência e da intensidade de secas, inundações, ciclones e ondas de calor. Um acordo na COP27 deve incluir financiamento para Perdas e Danos, que é uma compensação para países que sofrem com os impactos climáticos, mas não são responsáveis por causá-los”, afirmou o cardeal Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa e vice-presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SECAM).
Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, a Fundação Fé e Cooperação (FEC), ONGD portuguesa, explica que os vários responsáveis se reuniram na Paróquia da Nossa Senhora da Paz, em Sharm El Sheikh, “para refletir sobre ações concretas para a defesa da justiça climática”.
Para Musamba Mubanga, diretor da área de advocacia da ‘Caritas Internationalis’, “as instituições católicas em todo o mundo já estão na linha da frente da crise climática, ajudando pessoas de todas as religiões ou sem religião a adaptarem-se e a recuperarem das mudanças climáticas”.
“A COP27 deve estabelecer um mecanismo democrático para a governança da agricultura, da terra e de sistemas alimentares sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas”, acrescentou.
Ben Wilson, da SCIAF, organização escocesa membro da CIDSE – Aliança Internacional das Agências de Desenvolvimento pela Justiça Global, sublinha por sua vez que “a crise climática é fundamentalmente uma questão de justiça e de paz”.
“A COP27 tem de concordar com um pacote de ação que financie as pessoas que necessitam urgentemente desse financiamento na linha da frente desta emergência”, indicou o também membro da Direção do Comité dos Diálogos Africanos sobre o Clima.
Para David Munene, gestor de programa na Rede de Jovens Católicos pela Sustentabilidade Ambiental em África (CYNESA), “não se pode planear o futuro dos jovens sem jovens na mesa da tomada de decisão
A FEC, que também integra a CIDSE, assinala que “membros da Igreja e organizações da sociedade civil estão focados no trabalho em conjunto que desenvolverão durante esta segunda semana de negociações”, para garantir um acordo que “responda aos pedidos daqueles que já sofrem com os impactos climáticos em todo o planeta”.
OC