Padre Paulo Teixeira fala da sua experiência como capelão, no São João
Porto, 06 abr 2021 (Ecclesia) – O padre Paulo Teixeira, diretor do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa no Hospital de São João, Porto, encontrou na sua missão quem tivesse sentido “alívio” por se reconciliar com uma morte anunciada.
“Isto pode parecer estranho, mas olho aqui para alguns nomes de pessoas que ficaram aliviadas, porque tinham um sofrimento tão grande – não de dor, mas existencial – que, quando perceberam que a sua doença não tinha nenhuma terapia, que a sua vida terrena estava a chegar ao fim, conseguiram dar a volta”, refere o sacerdote, convidado desta semana nas ‘Conversas na Ecclesia’.
O sacerdote evoca os olhares de felicidade e de alegria, em pessoas que saem do Hospital depois do tratamento, e também os de “alívio”, de quem se reconciliou com o momento da sua morte.
O capelão sublinha que este processo não se faz de “ânimo leve”, por ser uma experiência “dura e intensa”, mas que oferece “serenidade”.
O padre Paulo Teixeira evoca a situação de uma mãe de duas meninas, com um problema oncológico, que acabou por aceitar a morte inevitável.
“E dizia-me: aceito a minha morte para libertar as minhas meninas. Isso é muito duro. Ouvi e precisei de tempo”, admite.
Para o sacerdote, esta também foi uma experiência “libertadora”, por aceitar a “condição natural” de cada um, que integra a doença, a morte.
“É uma experiência de ressurreição, claramente”, acrescenta.
A conversa, na segunda Páscoa vivida em confinamento, é marcada pela presença constante da máscara.
“Passamos a conseguir ler as pessoas a partir dos olhos, é uma coisa impressionante”, assinala o entrevistado.
Para o padre Paulo Teixeira, apesar das limitações, a máscara trouxe a possibilidade de “ver as pessoas de outra forma”
“Os olhos das pessoas são a janela da alma, como se diz na sabedoria popular. E é verdade, conseguimos perceber os seus sentimentos através do olhar. Sabemos se está triste, se está feliz”, precisa.
A conversa com o padre Paulo Teixeira está em destaque na emissão do programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública (22h45), entre segunda e sexta-feira, assinalando a oitava da Páscoa, a maior festa do calendário católico, que celebra a ressurreição de Jesus.
OC