Mensagens de Francisco na última semana comentadas por responsáveis ligados ao mundo missionário
Lisboa, 04 jun 2020 (Ecclesia) – Os alertas do Papa para que a pandemia e o sofrimento provocado pela Covid-19 não sejam “em vão” marcam a edição de hoje das ‘Conversas na ECCLESIA’
O padre Simão Pedro, missionário da Consolata e presidente dos Animadores Missionários Ad Gentes (ANIMAG), assinala que esta crise sanitária é um acontecimento que veio “desafiar o mundo inteiro” e tem de provocar mudança, na vida de cada um e da sociedade.
“A crise é um momento de transformação”, observa o religioso, destacando que, nesta pandemia, o Ocidente foi colocado no lugar “do pobre, da vítima”.
“Estando nesta posição, isso deve levar-nos a uma conversão, a nível espiritual, nas relações humanas, com o meio ambiente” e também com a economia, acrescenta.
Para o presidente dos ANIMAG, “algo tem de mudar”, em termos de solidariedade, destacando a importância da resposta da Igreja perante a “surpresa”, numa sociedade habituada a ignorar o sofrimento e a morte.
“A Igreja dedica-se às questões centrais da vida humana”, realça.
O padre Tony Neves, missionário português e responsável pelo Departamento da Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Espiritanos, denuncia, por sua vez, uma Economia que “cria desigualdades enormes”.
“Há muita gente para quem o pão de cada dia é mesmo arranjado em cada dia, o que implica sair à rua e lutar para que haja qualquer coisa para comer”, em contraste com o “altíssimo nível” com que outras pessoas vivem.
Para o religioso espiritano, “a Igreja tem aqui um novo campo de missão”.
“Este grande abanão que a Covid faz à história deveria, pelo menos, ensinar-nos a refletir sobre o estado do mundo e a tentar reconstruí-lo a partir de valores, não de interesses”, observa o padre Tony Neves, defendendo que “a última palavra tem de ser da esperança”.
Eu não quero regressar ao passado, eu quero voltar ao futuro, que o mundo seja humano, fraterno, cristão”.
Catarina António, da Fundação Fé e Cooperação (FEC), evocou o exemplo dos voluntários que fizeram o seu confinamento em missão, num “ato de entrega”.
A convidada sublinha a necessidade de olhar para lá dos números, destacando forças que se revelaram durante a pandemia, como o voluntariado.
“Descobriram-se novas formas de fazer missão”, acrescentou.
Num ano em que muitos esperam para perceber se podem partir em missão, este ano, é preciso “reinventar” a presença missionária, acrescenta a responsável da FEC.
“A missão começa aqui”, insiste.
Para Catarina António, é um “choque” ver que “há milhões, todos os anos – mesmo no meio de uma pandemia – para salvar bancos, mas não há esses milhões disponíveis para salvar a população”.
“É altura de sairmos disto melhores, porque se não sairmos melhores não aprendemos nada”, conclui.
O projeto “Conversas na Ecclesia” tem objetivo de para partilhar, de segunda a sexta-feira, um tempo de diálogo sobre cinco temas, publicados nas redes sociais, a partir das 17h00.
A semana começa com temas direcionados para jovens, depois a solidariedade e o cuidado da casa comum, as novas formas de liturgia e de pertença, os acontecimentos vividos a partir do Vaticano e, a terminar a semana, uma conversa com propostas e perspetiva culturais.
OC
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