Convidados destacam impacto da pandemia nas opções pessoais e comunitárias
Lisboa, 28 mai 2020 (Ecclesia) – A Igreja Católica vive até 24 de maio um ano especial dedicado à ‘Laudato Si’, no quinto aniversário da encíclica ecológica e social do Papa Francisco, que vê nesta iniciativa uma oportunidade para “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”.
O tema está no centro da edição de hoje das ‘Conversas na Ecclesia’, com a participação de Carmen Lima, da Quercus e da Rede ‘Cuidar da Casa Comum’, que congrega várias entidades cristãs, em Portugal.
“O grito da terra parece que foi exatamente o que aconteceu com a pandemia de Covid-19”, refere a convidada, autora do livro ‘Não há Planeta B’, lamentando a “forma abusiva” como a humanidade usou os recursos naturais.
O confinamento levou a um “abrandamento” dos impactos negativos da ação humana sobre o ambiente e a uma reflexão, pessoal e comunitária, sobre a “nova normalidade”, com outros hábitos de vida.
Filipa Pires de Almeida, economista da UCP, é uma das participantes no encontro sobre a ‘Economia de Francisco’, que vai congregar participantes de todo o mundo, em Assis, no mês de novembro, em volta do Papa.
A jovem destaca que o desafio de Francisco “faz mais sentido”, após a pandemia que obrigou a adiar o encontro com as novas gerações de empresários e economistas, marcado para março.
“Quando vemos uma ciência económica que, em vez de gerar riqueza, gera desigualdade, algo aqui não está bem”, observa.
A convidada fala num cenário global em que as desigualdades se vão acentuar, assinalando que cada vez mais empresas tomam consciência de que o atual sistema não funciona e que o lucro “não chega”.
“É preciso ter um propósito maior de contribuição para a sociedade”, aponta Filipa Pires de Almeida.
Ricardo Perna, jornalista da Família Cristã e dirigente escutista, lembra que a ‘Laudato Si’ sublinha que cada pessoa pode “fazer a diferença”, no seu quotidiano, algo que confirma o trabalho levado a cabo no projeto do Escutismo Católico.
“As nossas pequenas ações são potenciadoras de grandes ações”, observou.
Para o jornalista, especializado em informação religiosa, a ação do Papa Francisco tem permitido “colocar na agenda” os temas ecológicos.
“Há claramente uma agenda e um programa que está a ser posto em marcha”, sustenta.
O projeto “Conversas na Ecclesia” tem objetivo de para partilhar, de segunda a sexta-feira, um tempo de diálogo sobre cinco temas, publicados nas redes sociais, a partir das 17h00.
A semana começa com temas direcionados para jovens, depois a solidariedade e o cuidado da casa comum, as novas formas de liturgia e de pertença, os acontecimentos vividos a partir do Vaticano e, a terminar a semana, uma conversa com propostas e perspetiva culturais.
OC
«Laudato Si»: Papa lança ano especial para amplificar «grito da terra e dos pobres»