Diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja assume que os jovens criticam «falta de interpretação» do Património
Lisboa, 22 abr 2021 (Ecclesia) – Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, disse à Agência ECCLESIA que a Igreja tem um enorme caminho a fazer com os profissionais do turismo e que os jovens criticam a “ falta de legibilidade” o Património.
“O Património é um recurso absolutamente essencial, um aspeto transversal ao que são as práticas que têm vindo a ser fomentadas à volta do turismo; no que diz respeito ao Património da Igreja tem caminhado no sentido de requalificação que visa articular os agentes no terreno, ligados à área do turismo, com os agente da Igreja, que reconhecem a importância do Turismo como algo complementar à função dos edifícios”, explica.
A responsável admite ainda que há a “necessidade de dar a conhecer e compreender a especificidade do património religioso para depois transmitir experiência, o que é a realidade mais enquadrada e contextualizada possível”.
“Há que conhecer a especificidade e funcionalidade de cada espaço, conhecer o que é a simbologia de cada objeto, a leitura iconográfica das obras de arte são conteúdos importantes, não só para a Igreja mas também para quem trabalha no terreno, que sente necessidade de formações específicas; a Igreja tem um enorme trabalho a fazer naturalmente com os profissionais destas áreas”, reconhece.
Perante a realidade da pandemia Sandra Costa Saldanha acredita que o património religioso pode ajudar o Turismo, mesmo na zona do interior, e aposta no exemplo da Catedral de Viseu, que tem associado um equipamento museológico, com uma “localização absolutamente privilegiada”.
“É um templo com génese numa estrutura românica do século XII; permite contar toda uma narrativa da História da diocese, da Igreja, da arte e arquitetura e de diferentes expressões que estão associadas”, afirma.
Olhando as gerações futuras Sandra Costa Saldanha admite que os jovens fazem uma crítica ao património: “a falta de interpretação” e que o património precisa de ajuda para ser “mais comunicativo de forma mais intuitiva”.
“A falta de interpretação, ou seja, num tempo de imediatismo a capacidade que o património ou museu nos tem de mostrar de forma direta aquilo que são, representam ou ilustram, esta necessidade de associar a capacidade interpretativa, seja legenda, centro interpretativo ou recurso no mundo digital é a aposta que se tem de fazer para captar interesse e atenção”, aponta.
As “Conversas na ECCLESIA” desta semana ficam online às 17h00 e têm como fundo o Dia dos Monumentos e Sítios, na companhia de Sandra Costa Saldanha, que irá traçar um roteiro de sul para norte do país, com bons exemplos de património religioso a visitar.
SN