Assistente espiritual e religioso do Estabelecimento Prisional da Guarda considera que «esta presença nem sempre é bem aceite» por pessoas da Igreja
Guarda, 28 jun 2021 (Ecclesia) – O padre Paulo Figueiró, assistente espiritual e religioso do Estabelecimento Prisional da Guarda, disse à Agência ECCLESIA que entende esta missão como a “essência do que é ser padre e até do ser cristão”.
“Ali de alguma forma é a essência do que é ser padre e até do que é ser cristão, amar aqueles que mais ninguém ama”, afirma o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA.
O padre Paulo Figueiró aceitou esta missão de ser assistente espiritual e religioso do estabelecimento prisional da Guarda, quando regressou à diocese, depois de ter sido reitor de um seminário.
“Quando regressei o senhor bispo pediu-me esta missão e fui tomando o gosto, de tal forma que me sinto realizado ali, estão lá os últimos da sociedade, aqueles que não têm voz nem vez na sociedade”, aponta.
O sacerdote repara ainda que esta missão “nem sempre é bem aceite”, mesmo por pessoas ligadas à Igreja.
“Há a sensação que as pessoas estão na prisão porque fizeram algo de errado, estão a cumprir um castigo, estão lá porque merecem e ir lá um padre ter com elas é considerado ir perder tempo”, refere.
O padre Paulo Figueiró, de 43 anos, recorda a celebração de um lava-pés, numa quinta-feira santa, um “momento muito emotivo”.
“Fiz esse gesto na prisão e muitos vieram só por curiosidade e não percebiam o significado do gesto mas percebi, mais do que nunca o significado profundo do gesto, comovi-me a fazer e aquelas pessoas também ficaram sensibilizadas, não era só lavar os pés mas era muito mais que isso é um gesto que fala por si, para mim enquanto padre tocou-me muito”, assume.
O sacerdote contou ainda que sofreu muito neste tempo de pandemia, em que esteve “oito meses sem poder entrar na prisão, sem ter contacto nem celebrar eucaristia com eles”, onde sabe que, para muitos, é “quase o único familiar ou amigo”.
As «Conversas na Ecclesia» desta semana trazem a realidade da pastoral penitenciária, através do testemunho dos assistentes espirituais e religiosos, de segunda a sexta-feira, às 17h00 no site ECCLESIA e às 22h45 no programa de rádio da Antena 1.
LFS/SN