Psicóloga da ilha Terceira, nos Açores, aponta que a pandemia trouxe um «silêncio pesado»
Lisboa, 20 nov 2020 (Ecclesia) – Filipa Miranda, psicóloga da Ilha Terceira, nos Açores, disse à Agência ECCLESIA que “é muito difícil lidar com o silêncio” e este pode dificultar num processo de luto.
“É muito difícil lidar com o silêncio de quem vem ter connosco, sabemos que a pessoa sofre e em tempo de luto o silêncio é de extrema importância, precisamos de passar a ideia de dar silêncio e que conseguimos empatizar”, explica.
Filipa Miranda refere que “sempre foi difícil falar da morte”, sendo tabu, mas, em tempo de pandemia, nota-se um “silêncio pesado”, no entanto considera “importante falar disso”.
“É importante falar disso por ser tão difícil tem a ver com a pessoa se confrontar com a sua própria finitude; em tempo de pandemia tem-se falado muito de morte mas é muito difícil ouvir, as pessoas estão cansadas, e não digo sem esperança, mas já esperam todos os dias aquele número de mortes e é extremamente difícil lidar com isso sem ansiedade”, esclarece.
A psicóloga, fundadora do grupo de apoio ao luto “Renascer”, na ilha Terceira, Diocese de Angra, defende que há silêncios que são necessários e valiosos.
“Nas situações de luto às vezes mais vale estar calado, não há nada melhor do que, quando não se sabe o que dizer, estar em silêncio, estar lá, a presença, mas em silêncio”, precisa.
Outra atitude que a entrevistada tem acompanhado é a revolta que tem gerado este tempo de pandemia, “uma revolta muitas vezes silenciosa”.
“A pessoa perceber que precisa de deitar cá para fora tem a ver com a sua reflexão, se continua em silêncio e guarda para si, e se está a perturbar, um pensamento constante na nossa cabeça, isso não pode ser bom, deve procurar ajuda”, aponta.
No mês de novembro a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.
SN