Hugo Lucas, psicólogo clínico do Instituto de São João de Deus, apela a intervenção precoce junto de pessoas e famílias atingidas pela perda de um ente querido
Lisboa, 26 nov 2020 (Ecclesia) – Hugo Lucas, psicólogo clínico do Instituto de São João de Deus (ISJD), disse à Agência ECCLESIA que o processo de luto é “uma reação a uma perda significativa” ao qual é preciso reconhecer “normalidade”.
“Por causa desta pandemia, se calhar nunca se falou tanto em luto, em fazer o luto, nos meios de comunicação, mas é importante perceber o que isso quer dizer”, assinalou o convidado desta semana nas ‘Conversas do Silêncio’, que decorrem ao longo de novembro.
O especialista fala numa perda real, marcada pela “ausência”, e simbólica, que tem a ver com a relação entre as pessoas.
“Não é fácil, sobretudo no contexto desta doença, em que tudo acontece de forma muito rápida, quando comparada com outras doenças”, observa Hugo Lucas.
Para o entrevistado, esta pode ser uma experiência “paralisadora” para quem sofre a perda, confrontado com uma ausência inesperada.
“É um processo difícil”, admite.
Dentro da família, acrescenta o psicólogo clínico, estes processos “colidem”, dadas as várias dimensões assumidas por quem partiu.
“Existe uma comunhão na perda, é um facto, mas cada qual tem a sua forma, a sua interioridade na expressão desta perda”, precisa.
Há uma noção de absoluta dificuldade em conseguir lidar com o que é uma ausência tremenda, a dor que a morte do outro me causa”.
O especialista defende que é necessário ajudar as pessoas a fazer esta “expressão emocional”, permitindo uma “catarse”.
“As pessoas enlutadas, as famílias enlutadas, precisam de ser apoiadas o mais precocemente possível”, com informação específica, apela o psicólogo clínico.
O ISJD promove uma consulta de luto, que visa acompanhar a pessoa, partindo de uma relação de confiança, respeito e segurança para que se readapte à sua vida, após a perda.
No mês de novembro a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.
OC