«Conversas Além-fronteiras»: Missão entre um «povo escravizado» na Etiópia (c/vídeo)

Padre Joaquim Silva, Missionário Comboniano, esteve dez anos em missão junto do povo gumuz

Lisboa, 20 out 2020 (Ecclesia) – O padre Joaquim Silva, Missionário Comboniano, esteve durante dez anos em missão na Etiópia, junto de um povo “muito escravizado” e “desrespeitado nas muitas dignidades”, como refere à Agência ECCLESIA. 

“Foi uma missão entre o povo gumuz, tribo que vive a 530 km da capital, um povo diferente da maior parte dos povos da Etiópia, que foi escravizado pelas tribos predominantes; sempre viveu um pouco à margem”, explica. 

O missionário recorda que o povo era “marginalizado e explorado até aos anos 30 e 40”, uma realidade ainda “muito presente na cultura e na vivência”.

“Sentem-se como um povo pequeno, que serve para o trabalho e, por isso, não é respeitado nas sua muitas dignidades”, refere. 

Os gumuz são considerados como um “povo daquelas fronteiras humanas que o Papa francisco tanto fala” pelo religioso, que partiu em 2008 para a missão que “sempre tinha sonhado”.

Como missionário comboniano pensei: esta é a missão com a qual sempre sonhei, os marginalizados e esquecidos, a missão de Daniel Comboni, é o ADN do missionário comboniano, era um lugar comboniano”.

O sacerdote sentiu-se acolhido por “um povo muito simples mas de sorriso no rosto” e com eles tentou procurar caminhos, nomeadamente com os catequistas, para perceberem “sinais da presença de Deus na cultura”.

“Estava lá no ano da Misericórdia em que trabalhámos muitos esses aspetos, como povo era comum reagirem violentamente, a vingança, a morte, o vingar a morte de alguém era comum, e o desafio foi descobrir juntos que não vai de acordo ao que Jesus nos pede; assim querer e ser cristão, pede mudança na vida, adequar os costumes ao que Jesus ensina, não é caminho fácil de fazer mas foi muito bonito”, assume. 

O padre Joaquim Silva foi ainda acompanhando casais que se tinham convertido ao cristianismo, “fazendo a relação da cultura com a fé” e terminou a celebrar o matrimónio cristão e batismo dos filhos, “fruto de caminho que se ia assimilando e onde o Evangelho entrou e transforma”.  

Em 2019 chegava o momento de partir e deixar a Etiópia não foi fácil para o religioso que teve mesmo de fazer “quase um luto”. 

Atualmente está na comunidade da Maia, na Diocese de Porto, na área da animação missionária e deixou o apelo para a juventude se mostrar “generosa no convite à missão” que se concretiza na “abertura ao encontro do outro e do diferente”.

No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.

SN

 

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