«Conversas Além-fronteiras»: «Agride-me muito partilhar a pobreza dos meus irmãos» – irmã Tassy Francisco (c/vídeo)

Superiora das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, em Moçambique, fala do “fosso da pobreza” que aumentou devido à pandemia

Lisboa, 28 out 2020 (Ecclesia) – A irmã Tassy Francisco, Concepcionista ao Serviço dos Pobres, em Moçambique, partilhou com a Agência ECCLESIA que o “fosso da pobreza aumentou” devido à pandemia e que lhe “agride muito partilhar a pobreza dos irmãos”.

“Para qualquer missionário o mais difícil será esta dimensão de pobreza que o povo vive, pobreza aos mais altos níveis, seja de bens ou de falta de integração na sociedade e Igreja, para mim agride-me muito partilhar a pobreza dos meus irmãos, até dos jovens, que devíamos olhar para eles como futuro, e estão frustrados de horizontes”, revela. 

A religiosa há 10 anos em Moçambique sente que, com a atual pandemia, cresceu o número de pedidos de ajuda. 

“Há mais pedidos de ajuda porque muitas pessoas ficaram em casa e a vida dos moçambicanos funciona na rua, as pessoas têm de sair para ir lutar, há muitas pessoas que o seu pão depende de ir vender alguma coisa”, refere. 

Além da dinamização que faz às várias comunidades de irmãs da congregação, a irmã Tassy Francisco que está em Maputo colabora com a Casa Mateus 25, onde passa momentos “profundos e especiais”.

“Estou nas atividades da Casa Mateus 25, casa que dá apoio aos irmãos de rua, sem abrigo, que distribui refeições a cerca de 150 a 200 irmãos, com ajuda de comunidades religiosas, grupos de jovens e paróquias; ali a maior atividade é ao fim do dia, com celebração da eucaristia, um breve momento de reflexão e depois a refeição”, explica.

A religiosa sente que ali tem “uma presença de mãe”, muito próprio do carisma que “é a presença materna junto dos pobres”, e é um momento que lhe “enche o coração”.

Também aquela casa tem acolhido mais famílias, em tempo de pandemia, “porque ficando em casa não tinham nada para dar aos seus filhos”.

A irmã Tassy Francisco, natural de Moçambique, sente que estar no seu país natal é sinal que é possível “ ser presença junto dos irmãos”. 

Num país onde abunda a juventude a religiosa afirma que a “esperança vem do acompanhamento que fazem aos jovens.

“Por exemplo nesta comunidade de Nacucha, temos 600 jovens, os dias são difíceis e cansativos mas aqui acontece a nossa esperança; podemos dar oportunidades de despertar neles o gosto e capacidade de lutar pelo amanhã diferente e isso é motivador para nós, um impulso grande para todos os dias erguer a cabeça”, assume. 

No mês de outubro missionário, assim designado pela Igreja Católica, a Agência ECCLESIA apresenta as «Conversas Além-fronteiras», que trazem a missão desenvolvida em diferentes pontos do mundo; serão transmitidas e publicadas online, às 17h00, e no programa Ecclesia, na rádio Antena 1, pelas 22h45.

SN

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