«Conversas aGOSTO»: O mar da irmã Maria Amélia Costa que a todos acolhe, sem seleção de ninguém

Religiosa Franciscana Hospitaleira da Imaculada Conceição evoca lugares e momentos da sua vida

Lisboa, 17 ago 2020 (Ecclesia) – A irmã Maria Amélia Costa, religiosa da congregação das irmãs Franciscana hospitaleira da Imaculada Conceição, nascida no mar dos Açores, diz que este é o lugar onde “ricos e pobres” têm lugar e onde mais profundamente reflete.

“Sou filha do mar. O mar para mim é um elemento que mais me revigora: são portas abertas a toda a gente, ali não há seleção de ninguém, nem de rico nem de pobre, de qualquer condição social. Eu no mar esqueço tudo, parece que a mente para. É um espaço onde eu faço talvez a reflexão mais profunda das minhas reflexões”, explica à Agência ECCLESIA.

Com mais de 50 anos de vida religiosa, e um reportório musical extenso, a religiosa regressa às rochas dos Açores para identificar o local de criação das suas composições.

“O mar para mim é uma metáfora forte do que é a vida. Não podemos esquecer que o mar é o elemento da criação com maior extensão. As minhas músicas e composições, já são tantas, e ainda estão tantas por gravar, muitas delas nasceram à beira mar, na rocha. A minha composição é simultânea, música, letra e experiência”, reconhece.

São muitos os lugares por onde passou, numa “história espalhada” que envolve muitas pessoas que a ajudaram a caminhar na sua vida religiosa, marcada pela identidade franciscana que a coloca na natureza.

“Eu perco-me na natureza. A natureza fala-me. É interessante que a natureza coloca-me num silêncio. Por vezes, há irmãs que estão a passear comigo que me chamam a atenção para um rosa no caminho e ao tempo que já a vi, já ela está dentro de mim, já a rosa me está a falar…”, explica, sublinhando o quanto a natureza a “eleva”.

Desafiada a escolher lugares felizes na sua história, a religiosa falou de uma escola de oração que participou em Paris, com o padre Henri Caffarel, um homem que recorda “sereno, profundo, silencioso, humilde, nada de protagonismos, agarrado ao essencial”.

“Era outono, estávamos envolvidos num bosque enorme com folhas a cair e a altura das folhas chegava-me aos joelhos. Afundei nas folhas, descalcei as sandálias para sentir o que estava à minha volta e, num dia de deserto, ali fiquei horas. Sei que fiz uma experiência de oração tão profunda que quando passo numa estrada e vejo, no outono, as árvores, ou quando vou a uma quinta e vejo um bosque, imediatamente me reporto lá. Fiz uma experiência de me despir e descalçar e ficar a sós com Deus e quase que o escutei e percebi o que me dizia”, recorda.

A cripta dos fundadores da congregação, localizada em Linda-a-Pastora, nos arredores de Lisboa, onde estão os restos mortais do padre Raimundo Beirão e da irmã Maria Clara, é outro local eleito pela religiosa.

“Quando estou a precisar de um momento para tomar uma decisão, fazer um discernimento mais profundo, de rezar um pouco mais, refugio-me na cripta. É um espaço de vida, não de morte, de restos mortais, é o nosso espaço da ressurreição. Eles estão lá. Todas estas experiências unem-nos muito mais a estes lugares, que são lugares de graça, especiais”, recorda.

A irmã Maria Amélia Costa, religiosa de 73 anos, vai ser estar esta semana no programa de rádio da Ecclesia na Antena 1, pelas 22h45, e nas «Conversas aGOSTO», disponíveis online, de segunda a sexta-feira, a partir das 17h00.

LS

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