«Conto convosco, contai vós comigo!»

Mensagem de Saudação à Diocese do Funchal 1. Hoje, dia 8 de Março, memória litúrgica de S. João de Deus, é tornada pública a notícia de que o Santo Padre o Papa Bento XVI aceitou o pedido de renúncia de D. Teodoro de Faria, por limite de idade, e me nomeou novo Bispo do Funchal. Perante este chamamento do Sucessor de Pedro, não posso deixar de dar graças a Deus pela confiança que em mim é depositada e de manifestar ao Santo Padre a minha filial veneração, sentindo muito profundamente como todo o serviço da Igreja se exprime na comunhão da missão apostólica. No desejo de servir e não de ser servido (lema da minha ordenação sacerdotal) e assumindo como lema episcopal a palavra de Jesus a Pedro “Faz-te ao largo”, sempre procurei dizer SIM aos diversos chamamentos que me têm sido dirigidos, como Presbítero e como Bispo. Também agora a minha resposta não podia deixar de ser SIM, ainda que com a perplexidade normal de quem antevê as responsabilidades e exigências de adaptação a este novo desafio pastoral. Da minha parte, tudo farei para conhecer a realidade sócio-religiosa-cultural da Diocese, para me integrar nela o mais rapidamente possível e corresponder da melhor forma ao serviço pastoral que me é pedido e esperais de mim. Para isso eu conto convosco – sacerdotes, membros de institutos de vida consagrada e leigos; contai vós também comigo! Acolher os valores, olhar em frente 2. Tenho muita alegria por ter sido chamado a partilhar a vida e a fé convosco, bom povo da Madeira e Porto Santo, tendo em atenção o vosso passado e a realidade presente. São conhecidos os valores humanos e cristãos que marcaram e continuam a animar a alma do povo madeirense: o amor à família e à terra de origem, a honestidade, a fidelidade à palavra dada e a sua dedicação ao trabalho, de que são exemplos a construção de muros e socalcos e a monumental obra das “levadas”. São conhecidas as vossas expressões de fé e de religiosidade popular, que tantos apreciam e admiram, reveladoras de uma fé que suscitou exigências de santidade e um grande número de vocações missionárias. Afinal as ilhas da Madeira e Porto Santo são ilhas abertas: o oceano que as banha e contorna é o mesmo oceano que as projecta, lhes abre caminhos e aponta novos horizontes. De dentro para fora, pela emigração, e de fora para dentro, pela alegria do retorno e pelo acolhimento àqueles que as procuram. A Madeira é hoje um grande centro turístico, uma sociedade de profundo intercâmbio cultural, com inevitáveis e normais repercussões nas mentalidades e nos comportamentos; uma Região Autónoma que, devido ao Turismo e a outros factores, nomeadamente a entrada de Portugal na União Europeia, já manifesta um notável desenvolvimento e aponta para novos projectos de crescimento. Partilhar a vida e a fé na Diocese do Funchal de hoje implica saber acolher os valores e as tradições das gerações passadas, mas também olhar em frente, discernindo os “sinais” deste tempo e promovendo o indispensável esclarecimento e aprofundamento da fé no diálogo fé-cultura-vida, como suporte da nova evangelização e de adequados dinamismos pastorais. Ver, julgar e agir 3. Pensando na acção pastoral a desenvolver, não é este o momento para apontar qualquer tipo de programa em concreto. Situar-me-ei, como é óbvio, no quadro da sucessão apostólica, assumindo a missão confiada por Cristo aos Apóstolos de anunciar o Evangelho, como Boa Nova de Salvação, e promover a comunhão, a unidade de todo o Povo de Deus. Como sucessor de D. Teodoro Faria, procurarei conhecer e dar continuidade à acção pastoral por ele desenvolvida e conhecer, abrindo os olhos e o coração, as novas realidades e necessidades da Diocese. Para já o meu projecto consiste em “ver, julgar e agir”, contando com os olhos, o juízo e a acção de todas as comunidades cristãs, com os seus responsáveis pastorais, grupos apostólicos e movimentos especializados. Uma palavra à Diocese do Porto 4. Estando prestes a deixar a Diocese do Porto, onde fui Bispo Auxiliar durante 8 anos, quero manifestar a mais profunda estima, amizade e gratidão ao Senhor D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, a quem desejo o mais completo restabelecimento. Iguais sentimentos desejo expressar aos Senhores Bispos D. João Miranda Teixeira e D. António Maria Bessa Taipa. Com todos tive o gosto de trabalhar e conviver, assumindo conjuntamente o exercício do nosso múnus episcopal, nesta grande Diocese do Porto. Dou graças a Deus pela inesquecível experiência pastoral aqui realizada, em especial o acompanhamento, dinamização e apoio aos Movimentos e Obras Laicais, as celebrações do sacramento do Crisma e, sobretudo, as intensas mas gratificantes Visitas Pastorais às Paróquias; numa palavra, a presença simples e próxima do Bispo-Pastor junto daqueles a quem era enviado. Aos Sacerdotes e a todo o Povo de Deus da Diocese do Porto, especialmente a quantos tive a oportunidade de servir com a graça do meu ministério episcopal – por tantas manifestações de estima, amizade e apreço que recebi, para todos fica a certeza da minha oração e da minha mais viva e profunda gratidão, aquela que para além de todos os sinais exteriores se guarda no coração. Ao Senhor D. Manuel Clemente, recém-eleito Bispo do Porto, desejo fecunda acção apostólica na sua nova missão. Uma saudação à Diocese do Funchal 5. Quero agora dirigir uma saudação muito amiga e fraterna a toda a Diocese, pessoas e instituições, na expectativa de em breve nos encontrarmos e partilharmos a fé comum e os melhores esforços de paz e bem para todos. Saúdo de um modo particular o meu antecessor D. Teodoro de Faria, que durante 25 anos pastoreou a Igreja do Funchal, com muito amor e zelo apostólico, deixando a marca da sua personalidade e visão pastoral em áreas importantes da vida diocesana. A formação e o apostolado de D. Teodoro fazem dele um dos Bispos marcantes da Diocese do Funchal. Saúdo o Cabido, o Seminário, o Clero diocesano e religioso. Aprecio a vossa dedicação e entrega à causa do Reino de Deus e gostaria de poder contar sempre com a vossa generosidade para prosseguirmos juntos na missão que nos está confiada. Só um presbitério unido por laços de profunda caridade poderá ser força de comunhão e animação pastoral. Saúdo os Movimentos e Associações eclesiais, a Caritas e outros grupos de pastoral sócio-caritativa, pela importante actividade que desenvolvem. Saúdo as Congregações religiosas femininas e masculinas a quem a Igreja diocesana muito deve pelos serviços prestados no campo da saúde, da educação e da cultura e no apoio às comunidades cristãs/paroquiais. Saúdo as Igrejas Irmãs, no desejo de prosseguirmos, em espírito ecuménico, os caminhos da unidade. Saúdo as Autoridades civis e militares da Região Autónoma da Madeira, com grato reconhecimento a todos quantos têm pugnado pelo progresso da Região e desenvolvimento cultural da população. Saúdo todas as Instituições culturais, desportivas e de apoio ao crescimento local, nomeadamente a Universidade da Madeira, as Escolas dos diversos níveis de ensino, as Agências de Turismo e os trabalhadores da hotelaria e de outros ramos da actividade económica. Saúdo todo o Povo madeirense – o Povo de Deus a quem sou enviado – o povo da Madeira e Porto Santo e o povo da Diáspora espalhado por todo o mundo, principalmente na Venezuela, África do Sul, Austrália, Europa e Brasil. E neste dia em que lembramos S. João de Deus, o Santo dos pobres e doentes, saúdo e rezo por todos os que sofrem. Tê-los-ei sempre presentes no meu coração de Pai e Pastor. Servir em simplicidade e alegria 6. A minha entrada na Diocese do Funchal será no próximo dia 19 de Maio, sábado, às 16 horas, na Solenidade da Ascensão do Senhor. Lembrando convosco a missão confiada por Jesus aos Apóstolos, ao deixar este mundo, iniciarei então a minha actividade episcopal no meio de vós. E confio a Maria-Mãe todo o meu Episcopado na Diocese do Funchal. A Ela, que é invocada como Nossa Senhora da Piedade – a Mãe Soberana, na cidade de Loulé, donde sou natural; invocada como Nossa Senhora de Vandoma, na cidade do Porto, onde exerci, até agora, o ministério episcopal; e invocada sob o título de Nossa Senhora do Monte, na Diocese do Funchal, da qual é Padroeira, a Maria entrego o meu desejo de servir em simplicidade e alegria, fazendo-me ao largo e lançando as redes da missão que me é confiada, para glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Porto, 8 de Março de 2007

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