Continua a ser Natal

Mensagem do Bispo de Viana do Castelo Mais de dois mil anos decorridos sobre o acontecimento e continuamos a recorda-lo: Natal é palavra que cedo entrou no nosso vocabulário de crianças. – Mãe, quando é o Natal? Ainda falta muito tempo? A resposta não se fazia esperar. Estava ali, a um passo diante de nós, já que o tempo passa depressa para os adultos. O sonho alongava-se e a imaginação trabalhava no tecer e embelezar do acontecimento impacientemente esperado. Quem não recordará com saudade esse momentos de infância! Continua a ser Natal. Mas parece-nos que o ambiente cultural em que vivemos, talvez inconscientemente, vai contribuindo para que ele perca parte do sentido e fascínio de outros tempos. Convidam-se os familiares mais próximos, multiplicam-se as compras, revestem-se as prendas, cuida-se dos mais pequenos pormenores para que naquela noite nada falte. Gosto disso. O calor humano não sobra nas relações interpessoais dos nossos contemporâneos. Há uma alegria que se procura, se quer partilhar, mesmo quando o nosso coração possa estar triste. Por vezes dou comigo a pensar se não estará a faltar algo de essencial, a alma, que dá sentido a esta vida nova que o Natal nos recorda. Aquele que nasceu pequenino para alegrar a muitos vai ficando esquecido, trocado por símbolos cada vez mais estranhos ao acontecimento que queremos celebrar. Chamam-lhe Pai Natal; passeia-se de trenó, com renas a puxar sobre a neve… Quão distante está da simplicidade e pobreza daquele Menino Deus recém-nascido, acalentado pelo amor sublime da sagrada família, acolhido na manjedoura do presépio, entre animais, e testemunhado por anjos e pastores! Caros diocesanos, Gostaria de celebrar este Natal com todos vós. Convido-vos a vivermos a noite e o dia de Natal no seu sentido mais profundo, acontecimento da nossa fé no Deus que se faz Menino. A alegria será mais autêntica, mais profunda, mais solidária com os outros porque Ele nasceu para anunciar um mundo novo, em que os humanos se reconheçam como irmãos uns dos outros, filhos da mesma Família humana. Se queremos experimentar toda a beleza do Natal, teremos de o preparar de longe, por atitudes e acções que transmitam a alegria do espírito que conhece a fonte donde dimana, Jesus cristo. A exemplo de Jesus, que veio para “anunciar a liberdade aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”, também nós estejamos prontos a mostrar que a esperança cristã está intimamente unida ao zelo pela promoção integral do homem e da sociedade, como faz parte da nossa fé, da fé da Igreja. Então será mesmo Natal, o feliz Natal que vos desejo. D. José Pedreira, Bispo de Viana do Castelo

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