“Na construção da paz as religiões são parte da solução” foi um dos exemplos
Lisboa, 15 out 2022 (Ecclesia) – Representantes do Hinduismo, Budismo e Catolicismo uniram-se este sábado no Congresso Missionário lançando “perspetivas da Fraternidade sem Fronteiras”, apontando a “exclusão como criminosa”, em “que todos podem aprender com todos” e onde, na “construção da paz, as religiões são parte da solução”.
Shiv Kumar Singh, do Hinduísmo, falou nas várias alusões à raiz da palavra Fraternidade, onde apontou que “o mundo todo é uma família”, onde a “exclusão é criminosa” e deu um exemplo prático.
“Faço parte da Casa da Índia, vamos entregar comida em casa das pessoas, e em tempo de pandemia, e surpreendeu-me os portugueses que nos pediam comida, ajudámos como era possível, seja aqui em Lisboa, em Albufeira e São Teotónio”, contou na sua intervenção.
O professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa citou Mahatma Gandhi que passou 15 anos na África do Sul a lutar contra o apartheid e “ainda faltam estabelecer direitos humanos em várias partes do mundo”.
“Fraternidade é uma ideia bonita mas precisamos de ir para lá ou então enfrentarmos os problemas, temos de preparar as futuras gerações para que tenham respeito pela humanidade, que pode ter identidades e nomes diferentes, mas todos com um mesmo objetivo: queremos ser irmãos dos outros”, indicou.
Do Budismo esteve Paulo Borges, professor do departamento de Letras da Universidade de Lisboa que indicou a Fraternidade como “um desafio para todas as consciências contemporâneas”.
“É um desafio para todas as consciências contemporâneas, numa proposta transversal a todos, que poderia ser para o aumento do diálogo inter trans religioso e trans espiritual”, referiu.
O investigador apontou que “todos podem aprender com todos” e fez ainda a analogia que todos procuram o “wi-fi a cada momento, em cada lugar”.
“Os espaços de sabedoria, amor, e compaixão talvez sejam uma rede gratuita que não necessita de password, apenas de abertura total da nossa mente e do nosso coração”, afirmou.
Pedro Vaz Patto, do Catolicismo, destacou a encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, e afirmou que “na construção da paz as religiões não são parte do problema mas parte da solução”.
“A violência em nome da religião corresponde a uma deformação, esta instrumentalização que traduz-se no aproveitamento do fenómeno religioso sobre o coração dos homens mas que poderá ser o sentimento religioso a levar a uma mais sólida construção da paz”, destacou.
Pedro Vaz Patto afirmou que toda a “cultura saudável é por natureza aberta e acolhedora, não estática” e que, atualmente, o “ideal de fraternidade universal se confronta com ameaças e desafios”.
“Conheci pessoalmente o bispo de Pemba, em Moçambique, onde não cessam os ataques extremistas, D. António Juliasse destacou a recetividade dos muçulmanos perante a declaração inter-religiosa de Pemba e que o modo mais eficaz de combater o terrorismo passa pela educação”, contou.
O congresso realiza-se de forma presencial e por transmissão online – através do site http://www.conferenciaepiscopal.pt/congressomissio22 -, mais de 450 pessoas estão inscritas, nesta iniciativa da CEP, da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e Obras Missionárias Pontifícias (OMP).
SN