Conclusões do VI Fórum Nacional das Vocações

Ide e Anunciai o
Evangelho da Vocação

Conclusões

Sintetizamos a reflexão deste Forum nos três verbos que nos foram propostos logo no início:
repensar, sentir e reconstruir.

1)    Como viver hoje a fé para que seja uma “proposta credível”?

A questão fundamental é perceber que, se as verdades fundamentais não mudam, o mesmo não acontece às realidades socioculturais, que têm de ser continuamente repensadas para nelas podemos actuar.

O quadro de autonomia e de liberdade em que hoje nos movimentamos é um desafio radicalmente novo, que não pode ser constrangedor nem desmotivador mas é antes condição essencial para se ser plenamente humano. E há que construir a partir de tudo o que de autenticamente humano vamos identificando, de qualquer origem, sem rupturas entre cristianismo e  mundo contemporâneo!

Não podemos querer fazer a Igreja e os cristãos à nossa maneira ou como sempre se fez; como lembrou o Vaticano II, somos sacerdotes no tempo e no mundo, lendo a realidade de hoje, vivendo nela e actuando sobre ela.

Há que pensar e viver Deus mas à maneira de Jesus. A nossa forma de viver tem de ter o Reino de Deus como referência: Deus chama todos os homens a serem felizes já aqui neste mundo. Por isso, só a nossa vida de pessoas felizes pode ser proposta credível, que anuncia Deus e convida à fé!

2)    A “pro-vocação” e uma “nova aliança” com os jovens 

Importa perceber que hoje os jovens não seguem modelos e ideais mas procuram sobretudo experiências e vivências. Não querem tanto ouvir testemunhos mas sobretudo sentir realidades. Daqui decorre que a atitude fundamental seja de “perder” tempo com os jovens: conhecê-los, ouvi-los, crescer com eles, experimentar com eles. Precisamos de pôr em causa os nossos quadros mentais de educadores adultos, libertando-nos de prisões e reeducando-nos para sentir com e à maneira dos jovens.

Para que os jovens acreditem é preciso que percebam a grande razão que faz Deus “credível”: Deus ama totalmente, sem medida, gratuita e incondicionalmente a todos os homens! Esta realidade de Deus, uma vez experimentada, é provocatória: desconcerta-nos, porque não esperamos que Deus seja assim, e chama-nos, porque suscita o acolhimento deste amor e uma resposta pessoal de vida.

Os jovens de hoje transmitem-nos três mensagens: querem ser acolhidos e amados tal como são, denunciam que os excluimos e pomos em espera (de emprego, de casa, de família) e desejam que contemos com eles e os sintamos necessários. A nossa resposta tem de ser entregar-lhes a nossa vida, fazendo com eles uma aliança à maneira da aliança de Deus com o seu Povo: focada neles e nas necessidades e anseios deles (não em nós nem nas nossas), sem manipulações nem contrapartidas, totalmente disponível, gratuita e fiel.

3)    “Educar-nos” reconstruindo com os jovens a fé e a vocação cristã

Para que os jovens experimentem o Amor de Deus, o único caminho é sermos a imagem de Deus para eles. Que eles O vejam realmente, na forma como vivemos com eles!

Educar os jovens exige que sejamos competentes para o fazer; não basta ter jeito ou vontade, ou ser boa pessoa, é preciso investirmos na preparação e formação de agentes pastorais competentes e com qualidade.

Importa ter sempre em conta a transversalidade de toda a pastoral: todos os sectores – catequese, pastoral juvenil e universitária, escola católica, educação moral e religiosa católica nas escolas públicas – dão contributos específicos e insubstituíveis e são por isso necessários na educação da fé e no discernimento da vocação.

Os agentes pastorais têm de saber falar a cada um na sua própria língua, conhecer e praticar as novas formas de comunicação que os jovens hoje privilegiam.

Orientar para a vocação não é recrutar consagrados, é amadurecer pessoas cristãs. A vocação é sempre uma escolha livre, feita no amor e por amor. Uma opção vocacional, mesmo que expressa em votos, é sempre um exercício de liberdade – temos de a deixar perceber como tal.

Educar não é tanto transmitir mas antes construir, ou melhor, reconstruirmo-nos todos em conjunto, interagindo para sermos todos nós pessoas novas. Mas não se trata de acção de massas: temos de olhar cara a cara, tu a tu, atender a cada um como pessoa na sua individualidade – eu quero viver contigo!

Em síntese:

Nós, os agentes pastorais, somos desafiados a mudar, e radicalmente! Para os jovens e com os jovens, todos nos reconstruimos e em conjunto nos educamos.

Só assim os jovens verão o rosto do Deus-Amor e quererão acreditar!

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