Conclusões do Encontro Ibérico das Comissões Episcopais das Comunicações Sociais 2014

Os Bispos das Comissões das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha realizaram, entre os dias 9 e 11 de junho de 2014, o encontro anual de trabalho, em Lisboa, sobre o tema “Rede de pessoas”. Em análise esteve a mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, onde desafia a criar “uma autêntica cultura do encontro”.

A cultura do encontro, proposta pelo Papa Francisco, não se refere unicamente ao contexto da comunicação, mas também está presente em toda a sua reflexão sobre política, economia, migrações e em todo o seu magistério. No campo da comunicação, esta cultura relaciona-se com o ser de Deus, que se carateriza por comunicação e por amor interpessoal. O ser humano, quando sabe amar e comunicar-se torna-se mais próximo de Deus.

Confiamos que a nossa reflexão ajude a sentir-nos mais próximos uns dos outros e a perceber o renovado sentido de unidade da família humana que nos motiva à solidariedade e ao compromisso sério por uma vida mais digna.

O novo paradigma da comunicação, introduzido pela internet e pelas redes sociais, produziu mudanças relevantes: o sujeito da comunicação é qualquer pessoa, não só os meios tradicionais; a comunicação não é unidirecional mas multilateral, não é unívoca mas interativa; as respostas que se oferecem na rede não são precisas nem, por vezes, verdadeiras. Diante desta realidade, o papel dos cristãos nas redes sociais consiste em ajudar a discernir a verdade, oferecê-la com clareza e difundi-la e multiplicá-la, porque só a difusão da verdade produz comunicação.

Em suma, a dinâmica da atual cultura da comunicação exige que se adote uma nova atitude de escuta e resposta no diálogo com o mundo de hoje. Não basta apresentar a mensagem: é necessário escutar e responder à sociedade atual. Com o desejo de mostrar a nossa disponibilidade para encontrar-nos com os homens e as mulheres do nosso tempo e de “responder pacientemente e com respeito às suas perguntas e dúvidas no caminho de procura da verdade e do sentido da existência humana”(1), partilhamos as seguintes conclusões:

 

1. Na Igreja, temos superar todos os receios da nossa presença no mundo digital. Estar conscientes de que a nossa mensagem é uma Pessoa, Deus que se faz homem para nos salvar. Temos de estar presentes com esta originalidade, em diálogo com o mundo e atitude de serviço.

2. A comunicação da Igreja tem de se basear na verdade e na autenticidade, força vital que vai além da tecnologia.

3. A figura do bom samaritano é modelo de comunicação: sentiu-se implicado e fez-se próximo com atitude de atenção e serviço ao outro. Temos de procurar uma comunicação que seja próxima das pessoas, nos gestos e nas palavras: sincera e eficaz, seguindo o exemplo do Papa Francisco.

4. Consideramos a comunicação em termos de proximidade e acreditamos que consiste tanto em reduzir distâncias como em transmitir conteúdos. Por isso, a Igreja tem de refletir sobre como fazer para que a sua mensagem chegue a todos.

5. “A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas”(2). Por isso, é necessário entender o novo modelo de comunicação como uma mudança cultural e não apenas tecnológica.

6. No continente digital não há espaços em branco. A urgência da evangelização exige que estejamos aí com a nossa proposta de sentido: Jesus Cristo, caminho, verdade e vida.

Por último, para além de transmitir o nosso agradecimento a todos os jornalistas pela sua entrega ao serviço da comunicação, encorajamo-los a propiciar uma autêntica cultura do encontro que coloque as pessoas no centro do seu trabalho, acima de outras condicionantes económicas, ideológicas e tecnológicos. Invocamos a ajuda de Deus e a sua bênção para cada um deles e suas famílias.

Lisboa, 11 de junho de 2014

 

Notas

1 – Bento XVI, Mensagem para o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2013)

2 – Francisco, Mensagem para o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2014)

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top