Conclusões do Encontro Ibérico 2012 das Comissões Episcopais responsáveis pelas Comunicações Sociais

Os bispos das Comissões de Comunicação das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha, seguindo o chamamento do Papa Bento XVI que convida a Igreja à nova evangelização, reunidos em sessão de trabalho em Fátima, de 25 a 27 de junho de 2012, refletimos sobre o tema “Medias: portas da fé”.

Desejando “contribuir para uma conversão renovada ao Senhor Jesus e à descoberta da fé, para que todos os membros da Igreja sejam testemunhas credíveis e alegres do Senhor ressuscitado no mundo de hoje, capazes de indicar a porta da fé a tantas pessoas que estão em busca da verdade”, partilhamos as seguintes conclusões:

 

1. Os meios de comunicação são o cenário cultural em que se movem os homens e mulheres do nosso tempo. A situação da comunicação nos nossos âmbitos está caracterizada, entre outras, pelas seguintes circunstâncias:

– A atividade comunicativa continua a estar notavelmente condicionada pela situação económica, ideológica e política.

– A crise económica está a ocasionar, além do mais, a precariedade e, com frequência, a perda de trabalho dos profissionais, com prejuízo para todo o processo comunicativo e a consequente limitação do direito do público a conhecer a verdade.

– Na atividade informativa verifica-se, frequentemente, uma supremacia da imagem, que pode desviar a atenção da realidade objetiva. Por vezes, o uso inadequado das tecnologias dificulta a reflexão, a formação de opinião e as relações pessoais e familiares.

– Muitas vezes as buscas induzidas das audiências constituem um fator determinante na configuração dos conteúdos que os meios oferecem. Consideramos, não obstante, que a partir de uma adequada visão ética, este não pode ser o critério último, pois que há atender às necessidades das pessoas, sem sacrificar em nenhum caso a verdade e o bem comum.

 

2. Também para a Igreja, os meios de comunicação são o cenário cultural no qual deve estar presente e desenvolver a sua missão. Não são meros instrumentos para a transmissão de uma mensagem. A Igreja deve estar neles com simplicidade e clareza, em atitude dialogante.

 

3. A comunicação é um elemento transversal das diversas estruturas eclesiais. Por isso, toda a ação pastoral da Igreja tem de ser mais comunicativa. Ao serviço dessa missão estão os departamentos ou gabinetes de comunicação na diocese ou na Conferência Episcopal.

 

4. A consideração eclesial da comunicação social tem, por isso, uma dupla missão. Por um lado, a já tradicionalmente assente, primordialmente orientada para a evangelização; mas, por outro e simultaneamente, a Igreja tem também que projetar e trabalhar e sua própria imagem institucional ou pública (onde se inserem as ações de governo dos seus pastores), de modo que a mesma possa ser percebida de modo adequado. Impõe-se, por isso, uma nova consideração dos processos comunicativos da Igreja, de modo que estejam associados não só à sua missão evangelizadora, mas também às tarefas do governo pastoral.

 

5. Tendo em conta a importância da comunicação social na configuração da pessoa e dos seus comportamentos, animamos os pais e educadores a continuarem a formar os mais jovens no uso adequado e responsável dos meios de comunicação.

 

6. Encorajamos a quantos trabalham nos media a prosseguirem o seu empenho em servir a dignidade da pessoa humana e a construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária.

 

Respondendo ao apelo de Bento XVI a renovar e atualizar os ensinamentos do Vaticano II como instrumento valioso no âmbito da fé, queremos terminar convidando a uma leitura atualizada e a uma conveniente posta em prática do decreto conciliar “Inter Mirifica” sobre as comunicações sociais e dos documentos que os desenvolvem.

 

Fátima, 27 de junho de 2012

Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

Comisión Episcopal de Medios e Comunicación Social de España

 

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top