Porta-voz do Vaticano considera que a preocupação com o segredo do processo de eleição do novo Papa é «normal»
Cidade do Vaticano, 26 fev 2013 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano qualificou hoje como “absolutamente normal” a preocupação de “controlar” os espaços que vão receber os cardeais eleitores no próximo Conclave para detetar meios audiovisuais destinados a espiar o processo de eleição.
“Isso foi feito da última vez, tanto na Capela Sistina como na [casa] Santa Marta, é algo absolutamente normal, óbvio nos dias de hoje quando se quer uma reunião reservada”, disse o padre Federico Lombardi, em conferência de imprensa.
Este responsável revelou contar com a ajuda de técnicos qualificados para detetar a presença de quaisquer “dispositivos de comunicação” em espaços reservados, a fim de fazer respeitar o “segredo e a confidencialidade” dos trabalhos dos cardeais.
A situação está prevista na constituição apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (1996), de João Paulo II, na qual se admite o recurso a “dois técnicos de confiança” para assegurar que “nenhum meio de captação ou transmissão audiovisual seja introduzido” nos lugares onde os cardeais estão alojados ou se desenrolam os atos da eleição.
Qualquer infração contra esta norma é punida com excomunhão automática por decisão de Bento XVI, publicada esta segunda-feira.
João Paulo II decidiu que os cardeais ficassem alojados na ‘Casa de Santa Marta’, situada no Vaticano, junto à Basílica de São Pedro, e em 2005, pela primeira vez na história, os lugares do Conclave estenderam-se a todo o espaço do Estado pontifício.
Os cardeais eleitores continuam a estar submetidos à interdição de qualquer contacto com o exterior, mas não ficam encerrados num único local.
Os lugares do Conclave serão fechados por dentro (responsabilidade do cardeal camerlengo, D. Tarcisio Bertone) e por fora (responsabilidade do substituo da Secretaria de Estado, o arcebispo Giovanni Angelo Becciu).
No primeiro dia do Conclave, ainda por determinar, está previsto que todos os cardeais se encontrem na Basílica de São Pedro para celebrar a missa votiva ‘pro eligendo Romano Pontifice’ (para a eleição do Papa), sob a presidência do decano do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano.
Mais tarde, os cardeais eleitores reúnem-se na Capela Paulina do Palácio Apostólico, de onde se dirigem para a Capela Sistina, em procissão solene, entoando o canto ‘Veni Creator’, para pedir a assistência do Espírito Santo.
O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
OC