Conclave: Antigo embaixador de Portugal junto da Santa Sé recorda última eleição papal

João Alberto Rocha Páris guarda na memória acontecimentos «que não se repetem com facilidade»

Lisboa, 12 mar 2013 (Ecclesia) – O antigo embaixador de Portugal junto da Santa Sé, João Alberto Rocha Páris, sustenta que a eleição do novo Papa faz parte de um ciclo “extraordinário” de eventos que marcam a relação da Igreja com a sociedade.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, no dia em que começou o Conclave no Vaticano, o diplomata jubilado recorda a última grande mudança na hierarquia católica, em 2005, com a eleição de Bento XVI e perspetiva os principais desafios do próximo pontificado.

Na altura da eleição de Joseph Ratzinger, Rocha Páris coordenava as relações de Portugal com a Santa Sé há cerca de um ano e guarda na memória acontecimentos “que não se repetem com facilidade”.

A missa inaugural do Papa alemão transformou Roma numa cidade “praticamente parada, com as ruas sem trânsito, o que em relação ao dia a dia normal não é de todo possível de imaginar”, salienta o antigo embaixador.

Depois de ter sido substituído em 2010 no cargo de embaixador por Manuel Fernandes Pereira (entretanto a função já passou para o diplomata António Almeida Ribeiro), Rocha Páris assumiu em 2011 a presidência da delegação da República Portuguesa na comissão paritária que regula a cooperação entre Portugal e a Santa Sé.

Aquele organismo, que reúne cerca de seis vezes por ano, tem como principal responsabilidade zelar pela boa execução da Concordata e um dos últimos assuntos que teve entre mãos foi a suspensão dos feriados do Corpo de Deus e de Todos os Santos, que entrou em vigor este ano e que vai estar em vigência pelo menos até 2018.

Com mais de 40 anos de carreira diplomática, o antigo representante nacional junto da Santa Sé olha para a figura do Papa como uma figura de grande influência no mundo, pois enquanto líder “espiritual” fala “para cerca de 1200 milhões de pessoas” e como chefe de Estado tem neste momento relações diplomáticas com cerca de 180 nações.

Para além disso, a Santa Sé enquanto órgão soberano da Igreja Católica mantém um diálogo permanente com entidades como a União Europeia, a Organização para a Libertação da Palestina e as Nações Unidas.

O novo Papa terá como principal desafio continuar essa ligação entre a Igreja e a sociedade, usando da sua “influência na área espiritual” para dar “conselhos e opiniões importantes no contexto internacional”.

“Há problemas que têm a ver com o aspeto teológico, de culto, mas em termos gerais, creio que o desafio que terá é de continuar a dirigir a Igreja Católica de maneira a que ela possa responder aos desafios postos na sociedade atual, que são muitos”, conclui José Alberto Rocha Páris.

O Conclave para a eleição do novo Papa iniciou-se hoje às 16h34 (hora de Lisboa) e os escrutínios vão decorrer na Capela Sistina, sob um regime de grande sigilo e recolhimento.

Entre os 115 cardeais eleitores, vindos de 48 países, estão dois portugueses: D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé.

O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, será o 50.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde a eleição de Leão X a 19 de março de 1513.

PTE/JCP

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Agência ECCLESIA

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