Comunicações Sociais: Quando «beber um chá» no Médio Oriente é ganhar uma reportagem – José Manuel Rosendo (c/vídeo)

Jornalista da Antena 1, habituado a locais de conflito armado, conta como gastar as solas dos sapatos é a essência do jornalismo e ajuda a viver «a melhor profissão do mundo»

Lisboa, 20 mai 2021 (Ecclesia) – José Manuel Rosendo disse que a essência do jornalismo é “gastar a sola dos sapatos”, estar onde as “coisas acontecem”, e lembrou o quanto “ir sem preconceitos” o ajudou a perceber o Médio Oriente nas reportagens que fez.

“Todo o tempo que gastei, no mundo árabe, a beber chá com outras pessoas foi um tempo que me ensinou imenso e me ajudou imenso. Ao contrário do que se possa pensar que estar a beber um chá é gozar a vida, mas são momentos em que aprendemos muito uns com os outros e, mais importante, conseguimos estabelecer laços e relações com as pessoas com quem nos relacionamos nesse momento”, explicou à Agência ECCLESIA o jornalista da Antena 1, que tem realizado reportagens no Médio Oriente.

No terreno quer-se “abertura de espírito” para “aprender”, consciência de que se vai ao encontro de “culturas e pessoas completamente diferentes”, “calma para ser aceite” e a capacidade de contar o que se encontra.

“A mais valia do repórter é contar o que está a ver, contar o que a redação, os ouvintes ou telespetadores não conseguem ouvir, ser os seus olhos e ouvidos. Em locais de conflito o meu foco é para os que sofrem com a guerra. Pode passar a ideia errada que há um relato parcial do que está a acontecer no terreno, mas é parcial porque não pode ser de outra maneira, porque há uma frente que não podemos ultrapassar”, recorda.

“O repórter não pode ser arrogante, tem que chegar ao sítio, com calma, falar com as pessoas, tentar ser aceite por aqueles com quem está e em relação aos quais quer obter informação. Não pode aparecer com a arrogância de quem chega ou que vai da Europa e tem determinado valor eventualmente superior aos outros. Somos iguais, relacionamo-nos com as pessoas de forma aberta, educada, aceitamos diferenças e metade das portas ficam abertas”, acrescenta.

A vontade de fazer reportagem no Médio Oriente surgiu por acaso, tal como os primeiros passos no jornalismo, nas rádios locais, há quase 30 anos, mas hoje, José Manuel Rosendo sente que está na melhor profissão do mundo.

“Acho que somos uns privilegiados, se soubermos aproveitar as oportunidades que a profissão nos dá para nos enriquecermos enquanto seres humanos: temos contacto com a diversidade, com todo o tipo de pessoas, oportunidade de viajar por vários países, tratamos dos mais diversos assuntos e se formos pessoas interessadas, se nos procurarmos informar, se estudarmos os assuntos, é fabuloso e temos a melhor profissão do mundo”, regista.

A partir da mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, «Vem e Verás», as «Conversas na Ecclesia» desta semana vão destacar histórias de jornalistas que «gastam as solas dos sapatos» indo ao encontro das notícias onde elas acontecem e onde as pessoas as podem contar na primeira pessoa, às 17h na Agência ECCLESIA e às 22h45 na Antena 1.

PR/LS

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