Comunicação: Religiões contribuem para «amadurecimento democrático» e devem estar no «espaço público» – D. Jorge Pina Cabral

Bispo da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana e membro do Conselho Português das Igrejas Cristãs – COPIC pede «valorização» do tempo de emissão das Igrejas

D. Jorge Pina Cabral

Lisboa 11 fev 2022 (Ecclesia) – D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana, afirmou o “contributo” das religiões para o “amadurecimento democrático” mas alertou para a necessidade de “adequar a linguagem” no espaço público.

“Quando as Igrejas se situam no espaço público têm de ter um discurso apreensivo para o público e sociedade em geral. Deixar de lado um discurso confessional ou meramente doutrinal a que estavam habituadas a fazer para os seus, para as suas assembleias e povo, e passar a dirigir a sua mensagem para uma sociedade que, naturalmente, percebemos, está necessitada de uma palavra que ajude as pessoas a refletir sobre o sentido da vida, as grandes questões da vida e que hoje se colocam à humanidade”, explica à Agência ECCLESIA o membro do Conselho Português das Igrejas Cristãs – COPIC.

Para o responsável o contributo “das religiões” para o “amadurecimento de uma sociedade democrática” é claro mas importa que as religiões entendam, também, que “aspetos culturais, da arte, da beleza, da reflexão sobre a vida” devem ser “integrados no discurso religioso”.

D. Jorge Pina Cabral reconhece que a área da comunicação tem sido “um espaço de divulgação da diversidade religiosa que existe em Portugal” e indica que, 12 anos depois da primeira emissão na rádio pública (a 2 de novembro de 2009, ndr), “a presença tem-se mostrado com uma mensagem capaz de ser compreendida pelo público heterógeno que escuta a rádio”.

Nota o responsável que a presença das “Igrejas e religiões no espaço público”, antecede a Lei de Liberdade Religiosa, aprovada em 2001, facto que “alavancou” a consagração da lei, bem como “outros encontros, diálogo e conhecimento entre as religiões e Igrejas em Portugal”.

“Estávamos em 1995/1996 do século passado quando os responsáveis das Igrejas e religiões foram chamados a reunirem-se e a entenderem-se quanto à sua presença no espaço público. Isso foi uma alavanca para que a própria lei de liberdade religiosa viesse a ser consagrada e foi também uma alavanca de encontros, de diálogo e conhecimento entre as diferentes religiões em Portugal.

O membro do COPIC alerta que a diversidade religiosa “mudou em Portugal” e que, 21 anos depois a sociedade, sendo mais diversa, deverá “compaginar esta diversidade num maior número de religiões e Igrejas presentes na sociedade, com o tempo de antena que lhes é dado”.

“Esse é um desafio: perceber qual o tempo que deve assistir a cada uma das Igrejas e religiões em Portugal e, sendo um serviço público, que o Estado saiba dar mais tempo a esta presença diversificada e efetiva das religiões na sociedade portuguesa”, sublinha.

Para D. Jorge Pina Cabral, o espaço radiofónico “interpela” sendo por isso, muito significativo para as Igrejas, sendo, no entanto necessário, “um horário mais nobre”.

“21 anos após a lei de liberdade religiosa, e ao contrário do que muitos profetizavam, as religiões estão para ficar em Portugal, fazem parte integrante do ser da sociedade portuguesa e o Estado, seja na televisão ou na rádio, deve dar-lhes mais tempo de antena, porque isso é um direito que assiste às religiões e está consagrado na lei. É um serviço público que deve ser desenvolvido”, finaliza.

O programa Ecclesia que diariamente é emitido na Antena 1 vai mudar de horário e por estes dias recordamos 12 anos de história de emissões na rádio pública.

LS

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