Compreender o fenómeno religioso sem rótulos

Metanoia realizou sessão de estudos sobre «As religiões num mundo globalizado» Apesar de alguns dizerem que os grandes conflitos da humanidade são provocados pelas religiões, “parece-nos que os problemas são mais complexos e, por vezes, dificulta-se os caminhos do diálogo porque se criam categorias e lugares comuns” – disse à Agência ECCLESIA Rita Veiga, responsável pelo Metanoia – Movimento Católico de Profissionais. Durante este fim de semana, no Porto, o Metanoia organizou uma sessão de estudos sobre «As religiões num mundo globalizado» onde se reflectiu sobre o papel das religiões na construção de um mundo mais justo e pacífico. A comunicação social apresenta “lugares comuns e redutores” que “não permitem perceber que a realidade está para além daquilo que está a ser enunciado” – acusa Rita Veiga. “A relevância do fenómeno religioso nas sociedades contemporâneas requer um esforço de compreensão, de confronto de perspectivas, de teorização que não se compadece com juízos precipitados a partir de pontos de vista culturalmente enviesados” – disse. Com a presença de representantes de outras religiões, Rita Veiga salientou que estes “levantaram questões que nós não tínhamos com clareza”. A responsável do Metanoia disse que o representante muçulmano, Abdool Karim Vakil, salientou que, “muitas vezes, são colocadas categorias aos imigrantes”. “Fala-se da segunda ou terceira geração em relação aos africanos, aos dos países islâmicos mas não se fala desta questão se forem ingleses ou noruegueses”. A representante do movimento lembra que correntes migratórias massivas, acentuadas pelo processo de globalização mais recente, contribuíram para a “ruptura da homogeneidade cultural e religiosa, dando origem a processos de integração e conflitualidade, em que a dimensão religiosa tem um papel relevante”. A colocação de rótulos nas pessoas é um entrave a este caminho. “Os muçulmanos queixam-se que são rotulados de estarem ligados ao terrorismo quando isso são minorias” – frisou a Rita Veiga. Estes episódios não estão ligados à religião mas “à utilização que alguns fazem da religião para promoverem esses actos” – disse. Com o objectivo de proporcionar informação e quadros de interpretação que ajudem os participantes, de forma fundamentada perante diferentes experiências religiosas, e a favorecer dinâmicas de encontro e mútua interpelação na construção de uma sociedade mais livre e democrática, neste encontro “sentiu-se que há um esforço no caminho do diálogo inter-religioso” – concluiu.

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