Colômbia: Papa vai ao país destacar a paz como «um caminho a ser assumido diariamente»

Cidade do Vaticano, 01 set 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco desloca-se à Colômbia entre 06 e 11 de setembro, para uma visita centrada no tema da reconciliação, numa altura em que o país está em processo de paz depois de mais de 50 anos de guerra civil.

Em entrevista à Rádio Vaticano, esta sexta-feira, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, destaca a vontade do Papa argentino em estar e acompanhar aquela nação, as suas populações, as comunidades cristãs que ali vivem, neste momento “particularmente importante” da sua história.

“O Papa, como pastor da Igreja universal, e como líder espiritual, quer estar próximo deste processo, encorajá-lo, para que depois de tanta luta, de tanta destruição, de tanto sofrimento, o povo colombiano, a nação colombiana possa conhecer uma nova realidade, de paz e concórdia”, realça o representante da Santa Sé.

A guerra civil na Colômbia, que durante décadas opôs as forças do governo a grupos guerrilheiros contrários ao regime, com base em divergências sociais e políticas, causou mais de 260 mil mortos e 7 milhões de deslocados.

O passo decisivo para a resolução do conflito foi dado em setembro de 2016, com a assinatura de um acordo de paz entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e as FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o principal grupo guerrilheiro do país.

As negociações prosseguem pois a oposição não se esgotava nas FARC, existem outros grupos como o Exército de Libertação Nacional que ainda não depuseram as armas.

O Papa Francisco assumiu-se, ao longo do seu pontificado, como uma voz sempre presente na busca da reconciliação da Colômbia, e mais recentemente destacando a necessidade de construir bases seguras para que este primeiro acordo seja transformado em algo duradouro.

Neste contexto, o lema da viagem do Papa argentino à Colômbia é “Demos o primeiro passo”, uma frase que denota alegria mas ao mesmo tempo alerta para o que é preciso fazer.

D. Pietro Parolin frisa que “não basta assinar um documento” para que a paz seja efetiva, é preciso colocá-la em “prática”.

“A paz é um caminho que deve ser assumido diariamente e um caminho que deve congregar a todos, sobretudo no coração e na mente.  Creio que a missão fundamental da Igreja, neste momento, é favorecer a reconciliação. Este é um ponto central, porque a paz não será uma realidade presente, viva e efetiva se não expressar a reconciliação interna do povo colombiano”, aponta o secretário de Estado do Vaticano.

O programa da visita do Papa Francisco à Colômbia, entre 06 e 11 de setembro, prevê a passagem por várias cidades do país, encontros com autoridades políticas e religiosas, e eventos simbólicos como o “Encontro de Oração para a Reconciliação Nacional” e a visita à "Cruz da Reconciliação”.

A viagem de Francisco coincide também com a ‘Semana para a Paz’, que a Igreja Católica na Colômbia vai promover entre 03 e 10 de setembro.

O presidente da Conferência Episcopal da Colômbia já manifestou o desejo de que a presença do Papa argentino possa “injetar entusiasmo e reconciliação nos corações dos colombianos”.

“O Papa tocará os corações de todos os colombianos e lançará uma semente”, salientou D. Oscar Urbina Ortega, também em declarações à Rádio Vaticano.

Em mais 50 meses de pontificado, o Papa fez 19 viagens internacionais, nas quais visitou o Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados Unidos da América, Quénia, Uganda e República Centro-Africana.

Também o México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito e Portugal, bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).

Recentemente a Santa Sé anunciou novas deslocações do Papa, a Mianmar e ao Bangladesh, entre 27 de novembro e 02 de dezembro.

Na agenda de 2018 já estão também previstas viagens, neste caso ao Chile (15 a 18 de janeiro) e ao Peru (18 a 21 de janeiro).

JCP

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