Colômbia: Papa beatificou bispo assassinado por guerrilheiros

D. Jesús Emilio Jaramillo e o padre Pedro Maria Ramírez, também beatificado, foram vítimas da violência que marcou o século XX

Villavicêncio, Colômbia, 08 set 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco beatificou hoje na Colômbia D. Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, bispo colombiano assassinado por guerrilheiros em outubro de 1989.

A cerimónia decorreu na parte inicial da Missa que levou centenas de milhares de pessoas à localidade de Villavicêncio, cerca de 120 quilómetros a sudeste de Bogotá, considerada um dos pontos de partida da guerrilha que combateu na Colômbia durante os últimos 50 anos.

O Papa beatificou também o padre Pedro Maria Ramírez Ramos, diocesano, morto a 10 de abril de 1948 em Armero, na sequência da revolução do ‘9 de abril’, após o assassinato de Jorge Eliecer Gaitán, candidato à presidência da República.

A leitura da fórmula de beatificação, em espanhol, foi sublinhada por uma salva de palvas da multidão.

O Beato Jesús Emilio Jaramillo foi torturado e morto por membros do ‘Exército da Libertação Nacional’ (ELN), da Colômbia, numa zona rural, onde se encontrava em ação missionária.

O governo da Colômbia e os representantes do ELN acordaram um cessar-fogo bilateral, com início marcado para 1 de outubro.

Antonio Marrazzo, postulador da causa de canonização do bispo martirizado em 1989 fala do novo beato como alguém “que nunca teve medo das ameaças, das difamações ou da morte”.

“Com heroico zelo apostólico, exerceu o seu ministério episcopal num contexto social e eclesial particularmente difícil, marcado pela violência e a injustiça”, referiu ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.

A agenda pontifícia recorda hoje os 8 milhões de vítimas da guerra civil, com uma “grande vigília” de oração pela reconciliação nacional, marcada para as 15h40 (21h40 em Lisboa) no Parque Las Malocas, em Villavicêncio.

Os participantes vão evocar o sofrimento das famílias e comunidades afetadas pelo conflito armado, “marcado pelo sangue e a dor de mais de 8 milhões de vítimas”, adianta o Missal oficial da visita apostólica.

OC

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