Tradição com mais de 30 anos é dia de festa entre jovens e menos jovens
Coimbra, 07 abr 2023 (Ecclesia) – A unidade pastoral de Miranda do Corvo e de Penela, na diocese de Coimbra, preparam há mais de 30 anos uma Via-Sacra encenada e este ano contaram com a presença dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“É um dia muito emocionante saber que os símbolos que acompanham a JMJ não estão em mais lado nenhum do que na nossa paróquia. Já não imaginamos a Sexta-feira Santa sem a Via-Sacra, organizada sempre entre os jovens de Semide e Rio de Vide, mas o nosso conceito de jovens é relativo e abrangemos muita gente”, conta à Agência ECCLESIA Alexandra Santos, da paróquia de Rio de Vide.
A paroquiana conta que começou muito nova a participar num encontro que, Nelson Marques, explica ser vivido num dia em que sabe que vai encontrar amigos todos os anos.
“Fazia parte do grupo de jovens e fomos todos selecionados para fazer a Via-Sacra e entre todos seria o mais indicado para fazer de Cristo, que fiz muitos anos. É muito enriquecedor. Este é um dia em que todos nos juntamos. Sei que neste dia encontro colegas de há mais de 20 anos”, conta à Agência ECCLESIA.
Hoje a fazer de soldado, assume que este dia é o “mais especial do ano”.
“Tenho visto várias encenações, mas igual à nossa, não. Tentamos fazer toda a Via-Sacra à letra”, assume.
José Brandão, do comité organizador territorial (COT) Dueça, que engloba as unidades pastorais de Miranda do Corvo e Penela, dá conta de uma tradição de 33 anos que teve início com os grupos de jovens e com a catequese.
“É uma alegria e um gosto muito grande ter connosco os símbolos que já passaram por muitos países. De manhã estiveram em Miranda, foram recebidos pelo presidente da autarquia, e agora vamos com eles caminhar ao senhor da Serra”, explica.
Luís Batista, também do COT Dueça, fala numa “adesão total das pessoas na receção dos símbolos”, desde leigos a entidades civis que acolhem “com muito carinho”.
“Esta Via-Sacra começou com um grupo de jovens que inicialmente transportava apenas imagens e hoje faz-se a encenação das estações. Congrega muito as paróquias vizinhas”, constata à Agência ECCLESIA.
O pároco da unidade pastoral, o padre Pedro Miranda, afirma a Via-Sacra como um fator agregador das comunidades e destaca a importância de se aliar o aspeto cénico à palavra litúrgica.
“É uma Via-Sacra normal mas no final ganha um aspeto cénico em alguns momentos.
A própria liturgia não é um drama mas tem alguns condimentos dramáticos. Da liturgia, surgiu as tradições do Senhor dos Passos, a Via-Sacra. É sabido que o que entra pelos olhos, se for com a ajuda da palavra, lhe dão vida. Há um papel insubstituível da proclamação da palavra mas fora da liturgia, a palavra ganha outro vigor”, explica.
José Paulo, que integra a organização da Via-Sacra, explica que esta tradição tem vencido quer a chuva como o calor forte e não faz diminuir a vontade de participar.
Alexandra Santos acrescenta que este ano, com a presença dos símbolos, a unidade pastoral se sente desafiada a sair de si.
“A nossa expetativa é pegar nas nossas coisas e ir, sabendo que o que fizermos é para os outros. É um grande desafio hoje e tem de ser um desafio para a unidade pastoral sairmos e irmos ao encontro, não podemos ficar só para nós”, traduz.
Também José Brandão reforça o entusiasmo em torno da participação na JMJ Lisboa 2023.
“Temos jovens italianos inscritos para os dias nas dioceses e estamos a mobilizar muitos jovens para irem a Lisboa”, reforça.
HM/LS