Coimbra: Périplo por três órgãos históricos destaca importância deste património (c/vídeo)

Associação ‘CulturXis’ produziu documentários sobre «Órgãos de Coimbra à luz da Cultura Europeia»

Coimbra, 20 mai 2021 (Ecclesia) – O maestro Paulo Bernardino, organista titular da Sé de Coimbra e da capela da universidade, destaca a “riqueza história” da organaria da cidade, a que vai ser possível testemunhar num périplo, a 22 e 23 de maio.

“Coimbra é particularmente feliz porque não é preciso sair da cidade para podermos estudar praticamente toda a história do órgão ibérico, como se desenvolveu essa história em Portugal. Temos no Mosteiro de Santa Cruz o segundo órgão mais antigo do país”, disse o especialista, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O maestro Paulo Bernardino explica que apesar das muitas iniciativas que existem este património organístico “ainda é muito pouco reconhecido”, pela sociedade em geral, quer pelos conimbricenses, e exemplifica que por baixo da torre da Universidade de Coimbra fica a capela e “é curioso reparar como muitos estudantes, inclusive da universidade, desconhecem por completo a capela”.

A Associação ‘CulturXis’ realizou três documentários sobre órgãos de Coimbra – da igreja da Sé Nova, da igreja do antigo Mosteiro de Santa Cruz e o órgão da capela da Universidade de Coimbra – e, no contexto do sexto Ciclo Concertos de Coimbra, é possível conhecer a história e ouvir estes instrumentos num périplo este fim-de-semana, dias 22 e 23 de maio, das 14h30 às 17h00.

As visitas guiadas são orientadas por Branca Gonçalves, o cónego Pedro Miranda, professor da Escola Diocesana de Música Sacra, com a interpretação de algumas peças por Paulo Bernardino e a participação do Coro Carlos Seixas, que vai cantar uma peça renascentista, uma peça barroca e “terminará com uma peça de um compositor contemporâneo do século XX de Coimbra”.

O maestro assinala que “cada instrumento associa um reportório próprio”, é um órgão “muito específico dentro da organaria europeia”, e a “principal preocupação” no périplo “é tocar o que é próprio”, por isso, vai destacar “os compositores conimbricenses”, como Carlos Seixas, “que foi organista da Sé”.

Paulo Bernardino vai tocar também uma peça da sua autoria, “para chamar a atenção que são necessárias composições contemporâneas e novas”, para além de obras de compositores holandeses e italianos, pela influência destas escolas nos instrumentos, “para perceber como funciona este tipo de música nestes órgãos”.

O entrevistado, vice-presidente da associação de desenvolvimento artístico ‘CulturXis’, refere que o projeto dos documentários ‘Órgãos de Coimbra à luz da Cultura Europeia’ partiu dos órgãos funcionais na cidade e “falta o órgão da igreja do Seminário Maior de Coimbra”, o edifício encontra-se em obras e “não foi possível realizar as gravações, nem é possível ir com o périplo”.

“A grande vantagem dos documentários é ver a casa dos foles, a tubaria, ver o órgão de perto e depois percebendo como funciona o registo, acaba por captar a atenção das pessoas e tornam-se mais sensíveis à música”, salienta Paulo Bernardino.

O maestro organista assinala que em Coimbra têm estes quatro órgãos funcionais mas “não representam nem 10% dos instrumentos que existem na cidade” e lamentou que “mais de 40 estão mudos”, enquanto na região de Coimbra “são mais de 200 que estão silenciados”.

Neste contexto, o vice-presidente da associação de desenvolvimento artístico ‘CulturXis’ sublinha que há órgãos “muito interessante”, como em Lorvão e em Semide, respetivamente nos municípios Penacova e Miranda do Corvo, que “também são instrumentos muito interessantes e relevantes na história e merecem algum destaque”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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