D. Virgílio Antunes presidiu pela primeira vez à missa que celebra festa litúrgica da padroeira da cidade
Coimbra, 04 jul 2012 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra presidiu hoje, pela primeira vez, à missa que evoca a padroeira da cidade, a Rainha Santa Isabel de Portugal, de quem recordou a ação em favor dos pobres.
A monarca (c. 1271-1336) “não fugiu a nada do que ocupa e preocupa a sociedade: da economia à política, das relações familiares às relações entre os povos, da guerra à paz”, declarou D. Virgílio Antunes na celebração realizada no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, onde Santa Isabel está sepultada.
No dia que a Igreja Católica dedica à memória litúrgica de Santa Isabel e em que Coimbra assinala o seu feriado municipal, o prelado afirmou na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, que a rainha foi exemplo da intervenção dos cristãos “nas realidades seculares, onde se joga o desenvolvimento, o progresso e a paz”.
“Há quem continue a pensar” que o cristianismo é uma religião centrada “na salvação da alma depois da morte”, apontou, para a seguir acentuar que “não há uma dicotomia perniciosa entre o amor a Deus e o amor ao próximo, como se fossem concorrentes um do outro”.
Depois de sublinhar que Santa Isabel é “um grande emblema de Coimbra e de Portugal”, o bispo frisou que a vida da rainha enquanto “mulher, esposa e mãe de família” constitui “um acontecimento ímpar que importa celebrar, porque é a consagração da pessoa humana repleta dos maiores e mais belos sentimentos”.
“Faltam-nos ícones de amor e esta falta constitui o grande problema da humanidade, do qual nascem todos os outros problemas que, com razão, afligem o nosso mundo e o deixam sem alegria nem esperança”, salientou o responsável da Igreja Católica em Portugal pelo setor das vocações.
D. Virgílio Antunes vincou que “é urgente contrariar um espírito de egoísmo” instalado na família e na sociedade, onde “se foge dos outros, em nome da preservação de uma privacidade, que se torna um doentio individualismo”.
“Falta a fibra dos santos, cheios de humanidade e cheios de Deus, mas bem imersos no mundo, porventura com as mãos sujas nas causas mais prementes ou com o nome posto em causa nas colunas do politicamente correto”, disse.
A “Rainha Santa” era filha dos reis de Aragão, atual Espanha, tendo casado com D. Dinis, rei de Portugal.
A sua fama de santidade, alicerçada na atenção aos pobres, nasceu logo após a sua morte em Estremoz, no ano de 1336, quando mediava o acordo de paz entre o filho e o genro.
A descrição do milagre mais conhecido de Santa Isabel começa por referir que foi surpreendida pelo marido a levar alimento aos pobres, costume que D. Dinis lhe tinha proibido.
De acordo com a narrativa inspirada em feitos atribuídos à sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria, o monarca obrigou a “Rainha Santa” a destapar a cesta onde, em segredo, tinha guardado pães, mas ao verificar o seu conteúdo apenas encontrou rosas.
Depois da beatificação, em 1516, o seu culto colheu a devoção de reis e príncipes, e no ano de 1625 foi declarada santa (canonizada).
RJM/OC