D. Manuel Pelino, bispo de Santarém, fez a saudação na chegada do andor ao Largo da Portagem
Coimbra, 08 jul 2016 (Ecclesia) – O bispo de Santarém fez o pregador da saudação à Rainha Santa Isabel na procissão penitencial realizada esta quinta-feira, em Coimbra e destacou a “proposta de missão” da “mensageira da paz e da misericórdia” da protetora dos desamparados.
“Na nossa cultura, na forma como vivemos e nos relacionamos, parece sobressair a indiferença, a agressividade e a exclusão dos que pensam ou são diferentes. Precisamos de aprender convosco as obras de misericórdia para descobrir a fonte da alegria, da serenidade e da paz”, disse D. Manuel Pelino.
Na saudação à Rainha Santa Isabel, enviada hoje à Agência ECCLESIA, o prelado destacou de Isabel de Portugal, “um ícone eloquente das obras de misericórdia corporais e espirituais”, a mensagem da paz, a sua proteção aos “desamparados” e o exemplo “do amor e da reconciliação na família”.
“Lutar contra a indiferença cuidando dos que precisam de ajuda; resistir à tentação do consumismo cultivando a partilha fraterna; encurtar as distâncias que nos separam fazendo-nos próximos de todos; combater o individualismo e a solidão prestando atenção aos que nos rodeiam”, são segundo D. Manuel Pelino as propostas de missão para a sociedade atual.
No texto, enviado pelo jornal ‘Correio de Coimbra’, o bispo diocesano explicou que o perfil da esposa do rei D. Dinis corresponde aos “anseios do coração humano” porque não está “ultrapassado o desejo de família unida e estável”, especialmente entre os jovens, nem está “fora de moda a misericórdia”.
O prelado afirmou que é “no amor da família estável” que se constrói o “berço acolhedor da vida, o colo do afeto, o seio do desenvolvimento harmonioso dos filhos” e é a misericórdia que torna possível estender o amor a todos “sem distinção e construir uma sociedade de relações cordiais”.
Este ano a cidade e a Diocese de Coimbra celebram a festa da Rainha Santa Isabel no contexto dos 500 anos da sua beatificação pelo Papa Leão X, em 1516.
O bispo de Santarém assinalou que esses 500 anos são cinco séculos de “abundantes bênçãos” sobre tantas gerações e observou que desde o ano da morte de Isabel de Aragão, em 1336, a veneração do povo de Coimbra “não deixou de crescer”.
“Mesmo antes da data da beatificação, a vossa vida tornou-se uma referência constante para os conimbricenses. A erosão dos séculos não deixou apagar o eco do vosso exemplo”, sublinhou.
Segundo o prelado a memória dos que se “entregaram ao serviço dos mais humildes e desprotegidos” e tornaram o mundo mais fraterno e mais digno “perdura pelos séculos” ao contrário dos valores que se “questionam” e “muitos ruíram”, as crenças religiosas que guiaram os antepassados “diluíram-se” e atualmente “muitas crises abalam a confiança” no futuro.
D. Manuel Pelino destacou ainda o “amor à família” da Rainha Santa que “sustentado pela misericórdia” ajudou a curar as feridas e a contribuir para a reconciliação e a paz ao tentar “apaziguar” o conflito armado entre o filho Dom Afonso IV de Portugal e o neto Dom Afonso XI de Castela.
A tradicional procissão penitencial noturna, realizada esta quinta-feira, transporta a imagem da padroeira da cidade do mosteiro à igreja de Santa Cruz e as festas terminam este domingo com a Procissão Solene, em que regressa à igreja da Rainha Santa Isabel.
CB/OC