Jubileu especial dos 800 anos dos Mártires de Marrocos inclui iniciativas pastorais, científicas e culturais, em parceria com instituições da sociedade civil
Coimbra, 11 jan 2020 (Ecclesia) – A Diocese de Coimbra inicia este domingo a celebrar o jubileu dos 800 anos dos Mártires de Marrocos e de Santo António, num programa que se estendo ao longo de um ano, com iniciativas pastorais, científicas e culturais.
“Nós queremos que seja a capital mundial de Santo António, procurando que esta circunstância tenha importância para a cidade, para a nossa diocese, como tem inclusivamente para outras partes do mundo”, disse hoje à Agência ECCLESIa D. Virgílio Antunes, bispo diocesano, considerando que esta é uma data com “importância muito grande” para a comunidade católica local, para a Família Franciscana e para Portugal.
O responsável espera que a dimensão festiva, marcada por um “programa espiritual, litúrgico”, aponte à evangelização, por parte das comunidades cristãs.
“Vamos assinalá-la, pedindo a Deus a graça da conversão, da mudança de vida, do ânimo pastoral, da capacidade de evangelizar”, aponta D. Virgílio Antunes.
Para o prelado, a figura de Santo António é, muitas vezes, mal conhecido e mal interpretada, limitado à dimensão das “festividades populares”, sem aprofundar os escritos de uma figura que é reconhecida, pela sua produção teológica, como “doutor da Igreja”.
O bispo de Coimbra assinala ainda a dimensão cultural do ano jubilar, com um programa “muito alargado”, ao qual se associaram várias outras entidades da sociedade, a começar pelo Município e o Turismo do Centro de Portugal.
O ‘Jubileu dos Mártires de Marrocos e Santo António – Coimbra 1220-2020’ tem início este domingo com a celebração de abertura da Porta Santa na igreja de Santa Cruz, pelas 16h00, e termina no dia 17 de janeiro de 2021, com o encerramento do Ano Santo, durante o qual o Papa concedeu indulgência plenária aos peregrinos.
A 16 de janeiro de 2020 comemoram-se os 800 anos do martírio dos primeiros frades que São Francisco de Assis enviou em missão para Marrocos; tal acontecimento, juntamente com a chegada das relíquias destes mártires, à igreja de Santa Cruz de Coimbra, impressionou de tal modo o neo-sacerdote Fernando Martins de Bulhões que ele se decidiu, nesse mesmo ano, a fazer-se frade menor, assumindo o nome de António, porque é conhecido hoje o mais famoso santo português.
Em dezembro de 2019, o bispo de Coimbra publicou uma nota pastoral sobre o jubileu de Santo António e dos Mártires de Marrocos, na qual sublinha que na “sociedade secularizada do presente, persiste a urgência de evangelizar”.
Um povo que “esquece ou nega a sua história fica à deriva” ou então “se agarra à primeira ideologia imposta pela moda do momento, que agora parece firme e duradoura e logo a seguir é substituída por outra, aparentemente mais sedutora”, referiu.
D. Virgílio Antunes fala de Santo António (1191-1231) como uma figura “incontornável da história da Igreja, da história de Portugal e da história de Coimbra”.
O programa do Jubileu foi apresentado em outubro, pelo padre Francisco Claro, vigário paroquial de Santa Cruz de Coimbra, que anunciou, entre outras iniciativas, a criação de um “Itinerário do Peregrino”, partindo da igreja de Santa Cruz até à igreja de Santo António dos Olivais.
A nível cultural, um dos destaques do programa será a estreia mundial da “Missa de São Francisco” e “Missa de Santo António”, da autoria do maestro António Vitorino de Almeida.
O bispo de Coimbra realça, em particular, a proposta dos “domingos jubilares”, no primeiro domingo de cada mês, procurando concentrar a afluência das pessoas das várias paróquias e movimentos católicos, para que possam “entrar em contacto com esta história tão importante”, com o caminho próprio de um ano jubilar.
As tradicionais iniciativas promovidas pela Câmara Municipal de Coimbra – “Festa da Flor e da Planta”, bem como a “XII Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra” -, a realizar em 2020, terão como inspiração a figura de Santo António e dos Mártires de Marrocos.
LFS/OC
A 16 de janeiro de 1220 morreram degolados em Marrocos os franciscanos italianos Vital, Berardo, Pedro, Acúrsio, Adjuto e Otão, mais tarde denominados como Santos Mártires de Marrocos; os seus restos mortais foram enviados para Portugal pelo infante D. Pedro. |