Coimbra: Católicos e ateus juntos contra «cultura de desigualdade» de onde «nascem os fundamentalismos»

Debate em escola de Miranda do Corvo organizado pelo setor de Educação Moral e Religiosa Católica

Coimbra, 09 abr 2015 (Ecclesia) – Um debate organizado pelo setor de Educação Moral e Religiosa Católica do Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo mostrou católicos e ateus empenhados no diálogo e na promoção de uma sociedade mais justa.

Na iniciativa, acolhida pela EBI/JI Prof. Dr. Ferrer Correia, no Senhor da Serra, participaram o padre Nuno Santos, da Diocese de Coimbra, e o presidente da Associação Ateísta Portuguesa, professor Carlos Esperança.

O sacerdote, atualmente a estudar Teologia Dogmática em Roma, salientou que “se o cristianismo for de facto aquilo” que lhe deu origem, ou seja, um Deus baseado na “liberdade” e no “amor”, poderá “ser um excelente contributo” não só para a melhoria das “relações” entre crentes e não crentes mas também para “a ciência e o pensamento”.

Quanto a Carlos Esperança, destacou a importância de procurar “a via do diálogo, da paz, de um progresso baseado em moldes diferentes” dos atuais.

 “Os fundamentalismos nascem neste caldo de cultura que se está a criar, sobretudo pelas desigualdades sociais que se aprofundam, pelas injustiças que se agravam e pelas carências que são cada vez mais notórias”, defendeu Carlos Esperança.

No âmbito do tema do debate, “Ateísmo. Será uma forma de crença?”, o docente sustentou que “no fundo todas as pessoas são ateias” porque rejeitam de certa forma “uma religião” ou “um Deus”. 

O principal objetivo da Associação Ateísta Portuguesa, criada em 2008, não é lutar pela crença ou não crença em Deus, algo que Carlos Esperança consideraria de uma “arrogância” extrema, mas sim “defender a laicidade”.

“É pouco importante ser crente ou ateu, é extremamente importante a defesa da laicidade do Estado, porque sem laicidade do Estado não há liberdade religiosa”, frisou o professor.

A este respeito, aquele responsável saudou o facto do Papa Francisco ter recentemente destacado “a liberdade religiosa” como um “paradigma essencial” da sociedade.

Na procura de saber mais e de alargar o horizonte do diálogo entre ateus e católicos, o padre Nuno Santos propôs a criação de “um congresso, uma publicação” ou outro tipo de projeto que possa dar “maior sistematização” às diversas perspetivas presentes no ateísmo.

Sobre o tema do debate, o sacerdote admitiu que a reflexão entre católicos e ateus “não é habitual” no contexto português.

O diálogo entre o padre Nuno Santos e o professor Carlos Esperança, moderado por Cristina Vieira, professora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, pode ser acompanhado em vídeo no site do Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo.

JCP

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