CNJP: Baixos salários, envelhecimento, emigração de mão de obra qualificada – o retrato do mercado laboral português

Retoma do diálogo da contratação coletiva, programa «Semáforo» e Campanha da JOC foram apresentados no diálogo que juntou ACEGE, LOC-MTC e JOC

Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 21 jan 2023 (Ecclesia) – Américo Monteiro, dirigente da Liga Operária Católica, lamentou hoje a falta de diálogo para as condições da contratação coletiva, com consequências nos baixos salários dos trabalhadores.

“Não havendo contratação coletiva com qualidade, os trabalhadores estão com salários cada vez mais baixos. O salário mínimo tem subido – tem sido considerável, mas não quer dizer que seja bom porque há muita gente dos meios operários com as tabelas mais juntas, e ficam todos com o salário mínimo nacional”, alertou o responsável pelos trabalhadores cristãos, na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz.

“Se o governo quer equilibrar situações, deve dizer que há pontos pelos quais não se devem passar, quer para o salário máximo como para o mínimo”, acrescentou numa mesa de debate a que se juntou ainda Gabriel Esteves, da Juventude Operária Católica, e João Pedro Tavares, da Associação cristã de Empresário e Gestores.

O dirigente sindical pediu que as empresas respeitem as leis, reciclem os trabalhadores, e sejam terreno de pratica democrática: “O respeito pelos trabalhadores é um dever de cidadania”, alertando ainda para a necessidade de conciliação entre o trabalho, a vida familiar, o lazer e a participação na vida social e religiosa.

João Pedro Tavares apresentou o projeto que a ACEGE está a desenvolver chamado «Semáforo» onde pedem aos associados para erradicar a pobreza dos seus colaboradores, mas numa abordagem que envolve a sua família.

“Não é um programa de combate à pobreza para o Estado, de forma assistencialista; queremos que sejam os líderes empresariais a inovar com os colaboradores. Este é um programa alicerçado nas famílias, não é assistencialista mas transformador e pretende aferir áreas como a habitação, saúde, educação, mobilidade, inserção comunitária, alimentação nutricional”, referiu.

O responsável explicou que o que pedem aos associados não é sucesso mas que possam, nas suas empresas, “viver o amor e a verdade como critérios de gestão”.

João Pedro Tavares focou vários desafios que as empresas enfrentam, desde os tecnológicos aos trabalhadores qualificados e competitivos, “à escala global”, bem como a necessidade de “colocar a família no centro do mundo do trabalho” e falou ainda da injustiça geracional que existe nos salários.

“Valorizamos o aumento do salário mínimo mas foi «comido» pela inflação. A política distributiva deve ser repensada”, pediu.

O responsável falou ainda do envelhecimento que leva o mercado português a perder trabalhadores e que os jovens continuam a emigrar com melhores ofertas de trabalho.

Gabriel Esteves, responsável nacional da Juventude Operária Católica, criticou o “mercado desregulado, sem estabilidade e condições para a dignidade dos trabalhadores”.

Com 27 anos, formado em engenharia mecânica e a trabalhar como técnico de manutenção, Gabriel Esteves disse que os jovens pensam “todos os dias” em mudar de trabalho.

“Dos jovens, entre os15-34 anos, três em cada quatro, recebe menos de 900 euros líquidos, têm contrato de trabalho instável, e 35% dos jovens, recebem o salário mínimo”, explicou.

A emancipação dos jovens e as dificuldades que sentem vai estar no centro da campanha que a JOC vai desenvolver este ano, onde a luta por salários dignos vai ser abordada.

A conferência da CNJP apresentou um manifesto para pedir que o salário justo em Portugal seja “um desígnio nacional prioritário” e foi subscrito pela Ação Católica Rural, Associação Cristã de Empresários e Gestores, Cáritas Portuguesa, Comissão Nacional Justiça e Paz, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica – Movimento dos Trabalhadores Cristãos e Metanoia – Movimento Católico de Profissionais.

LS

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