Clima: Bispos europeus criticam decisão de retirar EUA do Acordo de Paris

COMECE sublinha que iniciativa de Donald Trump coloca em risco capital de confiança que tinha sido conquistado

Bruxelas, 06 jun 2017 (Ecclesia) – Os bispos católicos da Europa dizem que a intenção de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América, de retirar o seu país dos acordos climáticos de Paris “é uma séria ameaça à proteção ambiental a nível internacional”.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), cardeal Reinhard Marx, refere que esta decisão, “embora não surja como uma surpresa” vem colocar em xeque “todo um contexto de confiança que tinha sido conseguido com a conferência sobre o clima” na capital francesa.

Antes de anunciar a saída dos EUA dos acordos de Paris, Donald Trump tinha-se encontrado com os membros do chamado G7, que reúne os países mais industrializados e ricos do mundo; e com o Papa Francisco.

Na audiência com o Papa argentino, o presidente dos EUA recebeu inclusivamente um exemplar da encíclica ‘Laudato Si’, que Francisco dedicou aos temas da ecologia e do ambiente.

“Esperávamos que o diálogo com o G7 e com o Papa Francisco pudessem influenciar positivamente a sua decisão”, admitiu D. Reinhard Marx, que recordou uma das passagens da referida encíclica, com aplicação no cenário que agora se apresenta no horizonte:

“O calcanhar de Aquiles da política internacional reside no facto de que demasiados os interesses particulares se sobreporem ao bem comum”, cita o presidente da COMECE.

Para o cardeal alemão, “é lamentável que mais uma vez esta análise seja confirmada” por factos “e que a responsabilidade global seja deixada à porta de entrada de um país”, neste caso dos EUA.

No entanto, para o presidente da COMECE, a decisão de Donald Trump em retirar os EUA dos acordos climáticos de Paris não pode ser um motivo de desespero.

“A comunidade internacional não pode ficar desencorajada. E os europeus em particular têm o dever de permanecer juntos e de reforçarem o seu papel na defesa da Criação”, conclui D. Reinhard Marx.

A decisão de Donald Trump foi anunciada na última quinta-feira, durante uma conferência de imprensa nos jardins da Casa Branca, em Washington.

“Estamos a cumprir com as nossas obrigações e não quero que nada se meta no nosso caminho. Luto todos os dias pelo grande povo da América e, por isso, para cumprir o meu dever solene de proteger a América e os seus cidadãos, os Estados Unidos vão sair do Acordo do Clima de Paris”, salientou o presidente dos EUA.

Firmado em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris, França, o ‘Acordo de Paris’ estabeleceu a importância da adoção de modelos económicos que reduzam as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas.

JCP/OC

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