Clero de Aveiro aprofundou S. Paulo

De 12 a 14 de Janeiro de 2009 realizaram-se as Jornadas de Formação Permanente do Clero da Diocese de Aveiro, na Casa Diocesana, em Albergaria-a-Velha, com significativa participação de presbíteros, diáconos e consagrados religiosos e leigos. O tema destas Jornadas, ‘de Saul a Paulo, da Conversão ao Ministério’ encontra fundamentação no recente Sínodo dos Bispos sobre a ‘Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja’ e na Celebração Jubilar do Ano Paulino. Estas Jornadas surgem para o Clero Diocesano como ‘’exigência da sua realização pessoal, renovação pastoral e estímulo à formação dos demais membros do Povo de Deus’’ (II Sínodo Diocesano, Ministério Ordenado – Decisões Sinodais, nº 3). «A formação permanente destina-se a fazer crescer no sacerdote a consciência da sua participação na missão salvífica da Igreja. Na Igreja “missão”, a formação permanente do sacerdote entra não só como a condição necessária, mas também como meio indispensável para manter constantemente vivo o sentido da missão e para lhe garantir uma realização fiel e generosa. Com tal formação, o presbítero é ajudado a tomar plena consciência, por um lado, da gravidade, mas também da graça esplêndida de uma obrigação que não pode deixá-lo tranquilo – como Paulo, deve poder afirmar: “Para mim, evangelizar não é um título de glória, mas um dever. Ai de mim se não prego o Evangelho!” (1 Cor 9,16) -e, por outro lado, de um pedido insistente, explícito ou implícito, dos homens, aos quais Deus incansavelmente chama à salvação. Só uma adequada formação permanente consegue manter o sacerdote naquilo que é essencial e decisivo para o seu ministério, ou seja, na fidelidade, como escreve o apóstolo Paulo: “Ora, o que se requer dos administradores (dos mistérios de Deus) é que sejam fiéis” (1 Cor 4, 2)» (João Paulo II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, nº 75). Na persecução destes objectivos, a Comissão para a Formação Permanente do Clero da Diocese de Aveiro organizou as jornadas em ritmo de conferências, debates e testemunhos. As conferências foram proferidas por D. Anacleto Oliveira, bispo auxiliar de Lisboa e especialista em S. Paulo, que propôs aos participantes duas lições: a primeira sobre ‘‘uma Vida a caminhar com S. Paulo’’ e a segunda sobre ‘‘S. Paulo, construtor de comunidade’’; por padre Júlio Franclim, do presbitério de Aveiro, pároco de Canelas e Fermelã, doutorado em Teologia Bìblica, que abordou os temas ‘‘Da religiosidade hebraica de Paulo à novidade cristã da piedade paulina’’ e ‘‘Aí de mim se eu não evangelizar: apelo à universalidade da missão’’; por padre José Tolentino, padre e poeta, doutorado em Teologia Bíblica, professor auxiliar da Universidade Católica e director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Conferência Episcopal Portuguesa, que reflectiu os temas ‘‘S. Paulo – a força da Palavra e da linguagem do discípulo de Cristo’’ e ‘‘S. Paulo, o Apóstolo da Esperança’’. Os testemunhos e as perspectivas das comunidades cristãs que meditam a Palavra de Deus, tendo em conta a vida e o testemunho do Apóstolo estiveram ao cuidado da Fraternidade Missionária Verbum Dei, dos Padres Dehonianos e da partilha de acções pastorais nas comunidades paroquiais que manifestam a presença e a experiência da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja Diocesana de Aveiro. Da riqueza das comunicações e a jeito de conclusões, poder-se-ia referir que a partir do acontecimento central da e na vida de Saul-Saulo-Paulo: – a Conversão a e para Cristo – para estudar, aprofundar e falar não há como escutar S. Paulo nas suas próprias palavras que nos introduzem no processo de reconhecimento de Cristo Crucificado e Ressuscitado, fundamento do Evangelho Paulino. Paulo não se interessa pelo Jesus histórico, sabendo-se que Paulo não se entende sem Cristo. O que interessa a Paulo é o significado da pessoa de Jesus Cristo na vida dos crentes e na vida do mundo. Paulo pensa a Palavra e a linguagem do discípulo na sequela de Cristo. A teologia de Paulo é pastoral e dialogal, reflecte as circunstâncias concretas da vida, parte da leitura da realidade para afirmar a centralidade de Cristo. Paulo desafia a Igreja de Aveiro a levar Cristo à cidade e a todas as encruzilhadas da vida, a valer-se dos meios ao seu dispôr; a traduzir em palavras e gestos novos e proféticos o Cristianismo significativo para a cultura e para o mundo de hoje; a re-conhecer nas horas de fraqueza, horas de fecundidade; a viver a unidade do tempo presente e escatológico no agora porque o definitivo absoluto é em Cristo actualizado no Mistério Pascal. A linguagem de Paulo é paradoxal, do excesso – o que tem que transmitir é imenso – por isso Paulo não formata o anúncio de Cristo, sabe que é fracturante. A grande gramática da sua linguagem é o sinal da Cruz, de onde retira todas as consequências, pois toda a fé é uma narração biográfica e a vida pessoal é lugar da revelação do Mistério Pascal de Cristo. Paulo é um sedutor, hipoteca a sua própria existência ao anúncio. Paulo não debita palavras, Paulo confronta-se com a Palavra que o divide, que abre feridas, paga o preço de viver o que anuncia. Paulo afirma que o que é definitivo na pessoa é o evento de Cristo e não o pertencer a um povo ou cultura… A centralidade cristológica é fundamento da universalidade e da unidade entre os cristãos, feita experiência no Amor, motor radical da eclesialidade. Neste sentido, as grandes horas da Igreja são horas paulinas. Pela Comissão para a Formação Permanente do Clero

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