Surgindo em janeiro de 1963, a Revista «O Tempo e o Modo» foi o resultado do percurso dum grupo de católicos, constituído em 1958, e manteria a mesma intencionalidade original até finais de 1967.
Surgindo em janeiro de 1963, a Revista «O Tempo e o Modo» foi o resultado do percurso dum grupo de católicos, constituído em 1958, e manteria a mesma intencionalidade original até finais de 1967. Ao longo de cerca de dez anos (1958-1967), o projeto de «O Tempo e o Modo» justificou um conjunto de iniciativas culturais, das quais a revista constituiria a referência fundamental. Assim, motivou a produção da Livraria «Morais Editora» e a edição em português da «Concilium» (Revista internacional de Teologia).
As origens do projeto de «O Tempo e o Modo» situam-se no encontro das expectativas face à Igreja entre duas gerações de católicos. O percurso pessoal de António Alçada Baptista encontrou correspondência devida num grupo de militantes da JUC, quase dez anos mais novos: “Entretanto, tinha tomado contacto com uma nova geração de católicos com preocupações idênticas às minhas. Todos recém-formados, tinham-se ligado através do jornal “Encontro” e do “Cine-Clube Católico”. Eram o Pedro Tamen, o João Bénard da Costa, o Nuno de Bragança e o Alberto Vaz da Silva, entre outros (In: A. Alçada Baptista, Depoimento sobre o Tempo e o Modo, no ciclo de conferências «Os Anos 60: Os fatores de mudança».)
Nestes dois percursos, o de Alçada Baptista marcado pelo período subsequente à II Guerra e o dos militantes da JUC (Juventude Universitária Católica) caracterizado pelo contexto do final da década de 50, desenvolveram-se idênticas preocupações relativas à experiência de fé. (In: Nuno Estêvão, «O Tempo e o Modo – Revista de Pensamento e Ação [1963-1967])
O impacto da Revista «Esprit» na cultura francesa permitiu enquadrar todo um conjunto de interrogações comuns às duas gerações de católicos que viriam a protagonizar o projeto de «O Tempo e o Modo». De facto, o personalismo cristão abriu a possibilidade duma presença intelectual e cívica a partir dum catolicismo aberto e interventor, radicada na consciência profunda de que há uma só História e uma só Humanidade, constituídas em sacramento coletivo do Reino de Deus.
“A ação começa na consciência. A consciência, pela ação, insere-se no tempo. Assim, a consciência atenta e virtuosa procurará o modo de influir no tempo. Por isso, se a consciência for atenta e virtuosa, assim será o tempo e o modo.” Com esta fórmula Pedro Tamen definiu o projeto. Uma revista de pensamento e ação, que foi “expressão do nosso mal-estar em relação à sociedade em que vivíamos”, como disse António Alçada Baptista.
O número um de «O Tempo e o Modo» – cujo editorial – seria profético, pelos artigos assinados de Alçada Baptista, Mário Soares, Jorge Sampaio. Ao longo dos meses, seguiram-se páginas exemplares para a abertura de horizontes de liberdade, diversidade e a diferença, a discussão e o diálogo. Para um olhar sobre as grandes questões do século XX e a consciência da liberdade desejada. Um olhar sobre os temas que inquietavam o mundo, em definitivas mudanças. Sobre a criação literária, tão versátil nos moldes, estilos e estéticas, com seus conflitos e confrontos. (In: Texto publicado no site da Hemeroteca)
LFS