Cinema: Um lugar para viver… no coração

Em inglês chama-se “Away we Go”. Em português, “Um Lugar para Viver”, uma variação não muito evidente, pelo menos não à primeira vista, da tradução literal “Aqui vamos nós!” – mais próxima do genuíno espírito com que o jovem casal Bert e Verona se preparam para receber a sua primeira filha.

Com efeito, apesar da insistência dele em casar e dela em não dar esse passo, Verona e Bert esperam ansiosos o dia em que virá ao mundo a sua filha num misto de sonho, desejo e temor do futuro. A poucos meses da data prevista, quando os pais de Bert anunciam que vão viver para bem longe dali, do sítio para onde filho e nora se mudaram por sua causa, estes, consideravelmente desiludidos pela indiferença dos avós, reconhecem igualmente que nada os prende aquele lugar.

Encetam então uma digressão por vários pontos da América, chegando mesmo a passar pelo Canadá, em busca do lugar ideal para viver. Muito mais que lugares, Bert e Verona acabarão por descobrir modos de vida e pessoas, começando por si próprios, aferindo os valores, os desejos e as premissas fundamentais que constituem os pilares da família que já são e pretendem ser para sempre.

Sam Mendes, realizador sobejamente premiado pelo seu “Beleza Americana”, de 1999, com o mais recente “Revolutionary Road” igualmente candidato a famosos galardões do panorama cinematográfico, continua a debruçar-se sobre a dinâmica das relações familiares, centrada nos casais, mas agora com uma viragem a cento e oitenta graus desde esse filme que levou a sua mulher, Kate Winslet, ao Golden Globe. Longe das questões fracturantes e dos hiatos que tragicamente os separam, traz agora uma mensagem mais optimista aos casais que diz que sim, existe um lugar ideal para construirmos a nossa felicidade e não, não é preciso GPS para o encontrar, pois percorrido o caminho do coração ele pode ser achado bem mais perto do que alguma vez imaginámos!

Margarida Ataíde

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