Cinema: Sidney Lumet

Vai longe o tempo em que os meses de Verão eram quase exclusivamente destinados à reposição de filmes com sucesso nos anos anteriores. Prefere-se agora uma situação mista, em que algumas reposições se misturam com estreias, embora estas, na sua maior parte, de interesse muito discutível. Por vezes, há um flash, sendo lançado no mercado um filme mais interessante, mas em que por qualquer razão o distribuidor não acredita. É o caso da última realização de Sidney Lumet – “Find me Guilty” – que mesmo antes de ter escolhido o seu título português foi apresentado à crítica e que estreará em breve. Há nove anos que Sidney Lumet, agora com 82 anos, não via um filme seu estreado nas salas portuguesas, numa época em que esteve mais ligado a séries televisivas que às longas metragens. “Find me Guilty” reencontrou a via da exibição em sala. Lumet aborda, como muitas vezes fez no passado (por exemplo no excelente “O Veredicto”) um caso de tribunal, tomando por tema um caso real. E se nos mostra a absolvição de um grupo de mafiosos, absolvição por motivos processuais e por deficiente condução do processo por parte do Ministério Público, não deixa de ter a grande qualidade de evidenciar muitas das lacunas e saídas menos limpas permitidas pela Lei americana, e, mais do que isso, pela forma como a mesma é aplicada. O mais interessante é a análise detalhada de todo o processo judicial e da maneira como é possível invalidar provas ou, mais do que isso, convencer um Júri com base na denúncia de métodos menos limpos utilizados pela parte contrária. Com Vin Diesel num papel difícil – a que poderia ter dado maior força dramática – Sidney Lumet não perdeu as qualidades essenciais que revelou na sua carreira, obtendo um filme interessante, sem um fulgor excepcional mas com um interesse e uma quantidade de informação consideráveis, que tornam a obra bastante válida. Francisco Perestrello

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top