Cinema: pragas contemporâneas

Se as temáticas relacionadas com as Escrituras têm sido tema mais ou menos vezes usadas em filmes em que domina a seriedade, mesmo que por vezes as inexactidões dominem, também da mesma fonte, e de forma mais frequente, resultam obras em que os aspectos fundamentais servem apenas de inspiração a contos fantasistas. Em “As Pragas” chegou a vez das dez pragas do Egipto, transportadas para os nossos dias em ligação com cultos satânicos em confronto com pessoas fortes e bem intencionadas capazes de impor os princípios determinados pela sua fé. Setephen Hopkins, realizador com experiência que passou por diversos géneros, mistura o thriller e o terror com resultados muito limitados. Como problema central percorre os caminhos da perda da fé por parte de uma missionária cujo marido e a filha morreram às mãos de uma seita primitiva, com rituais de sacrifícios humanos. E são as enormes dificuldades que, mais tarde, tem de enfrentar, que lhe devolvem o sentido de Deus e da vida para além da morte terrena. São muitos os elementos que teriam permitido ao realizador levar a bom termo um filme interessante e equilibrado, mas Hopkins pouco mais faz que tirar partido dos efeitos especiais, que dão força a cada uma das pragas criando, ao longo destas, um certo ambiente de tensão. Mas mesmo tendo em conta o bom desempenho de Hilary Swank o elemento humano não é valorizado como devia e a pretensa surpresa final torna-se frouxa e previsível antes de tempo. Os vastos meios e a experiência técnica quase sempre presentes nos filmes americanos permitem que estejam presentes as qualidades habituais em termos puramente cinematográficos, ao nível da fotografia, da música, ou mesmo da montagem, que consegue manter o bom ritmo da narrativa, que sofre apenas do pouco conteúdo que apresenta. O público ficará com uma ideia vaga da intensidade das pragas mas, através do filme, pouco concluirá quanto ao seu verdadeiro significado. Francisco Perestrello

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