Cinema: Economia de Guerra

Dada a catástrofe que a II Guerra Mundial constituiu para a humanidade, a narração de episódios da mesma continua a ser tema frequente de obras cinematográficas. Agora é um realizador austríaco, Stefan Ruzowitzky, que nos relata em «Os Falsificadores» uma operação desencadeada pela Alemanha e que foi oportunamente interrompida com o final da guerra: a falsificação de libras e dólares em grande escala, para contribuírem para o colapso financeiro dos países aliados. Mais importante que os passos a que diversos prisioneiros judeus foram obrigados, muitos deles falsários profissionais ou ligados a um tipo de trabalho adequado à impressão e ao estudo do papel, é a definição do ambiente vivido entre as tropas nazis, especialmente as SS, e aqueles que viram a sua liberdade terminada e, na maior parte dos casos, a vida suprimida de forma brutal. Stefan Ruzowitzky, também autor do argumento, segue a autobiografia de um dos envolvidos no caso, um tipógrafo que, sabotando o processo, contribuiu para retardar o alcance dos resultados finais, só obtidos nos momentos finais da guerra. Além da relação difícil com os soldados alemães que mantinham a vigilância, o grupo de trabalho não tinha também relações fáceis no seu interior. Alguns trabalhavam para atingir os resultados pretendidos pelo governo alemão, pensando assim aumentar a possibilidade de sobrevivência, enquanto outros preferiam retardar esses mesmos resultados para não contribuírem para o prejuízo das Aliados. Um grupo de actores de excepcional qualidade – com o austríaco Karl Markovics em primeiro lugar – dá ao filme a necessária credibilidade, reforçando o significado das várias posições tomadas pelos intervenientes, algumas revelando coragem, outras sentido de sobrevivência. Não se procura sustentar como mais louvável nenhum dos comportamentos. Usa-se uma narrativa directa dos acontecimentos, com grande força dramática. Francisco Perestrello

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top