Santuário de Fátima recebe Comité Católico Internacional responsável pelo acompanhamento destas comunidades
Lisboa, 23 mar 2012 (Ecclesia) – O encontro do Comité Católico Internacional para os Ciganos, que hoje começa em Fátima, é encarado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) como uma oportunidade de promover uma sociedade mais inclusiva e solidária.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Manuel Morujão, secretário da CEP, diz que “é fundamental ter o coração aberto para a diversidade” e recorda que estar em maioria nunca pode ser sinónimo de “exclusão ou menosprezo” pelas outras culturas.
“Os ciganos devem ser considerados cidadãos de primeira” e a sociedade portuguesa tem a responsabilidade de “facilitar a sua aproximação”, realça o sacerdote.
O evento, que até domingo vai juntar no Santuário mariano diversos representantes europeus, conta com a presença do presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga; do bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto; e do diretor da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, frei Francisco Sales.
A iniciativa tem o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e durante os trabalhos vai ser lida uma mensagem do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes (CPPMI), organismo da Santa Sé.
Entre as principais matérias que irão ser abordadas, destaque para o papel dos cristãos ‘frente a uma sociedade cada vez mais estruturada, mas que cria marginalidade’, matéria que vai ser abordada pelo economista João César das Neves.
Para a Alta-Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural em Portugal, “falta sobretudo educação para desconstruir preconceitos e estereótipos” que foram sendo criados ao longo dos anos.
“A população cigana é sem dúvida a mais discriminada no país”, aponta Rosário Farmhouse, em declarações à Agência ECCLESIA, sustentando que é preciso “trabalhar mais” para “conhecer” a realidade daquelas pessoas.
Nesse âmbito, a iniciativa organizada pelo Comité Católico Internacional para os Ciganos “será muito importante para potenciar esta mudança de atitude”.
No último Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos, que decorreu em Novembro de 2011, na diocese de Portalegre-Castelo Branco, os responsáveis católicos pediram ao Governo o “reconhecimento efetivo dos direitos básicos dos ciganos”.
O Comité Católico Internacional para os Ciganos, com sede na Bélgica, foi criado em 1976 para promover o debate entre as comunidades ciganas e atender às suas necessidades humanas e espirituais.
Desde o seu início, aquele organismo, atualmente com cerca de 50 elementos vindos de 14 países, trabalha em proximidade com a Igreja Católica, especialmente através do CPPMI e das capelanias nacionais ligadas aos ciganos e migrantes.
O encontro de Fátima vai concluir-se com uma missa presidida por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa e vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
JCP/OC