Chineses vão à missa de Páscoa na Igreja dos Portugueses

Milhares de cristãos participaram ontem em toda a China nas missas de celebração da Páscoa, inclusive na capital, Pequim, onde apesar da tensão entre a China e o Vaticano, milhares de pessoas assistiram à missa na Igreja dos Portugueses. Cerca de 1,6 mil pessoas marcaram presença na missa das 10h, enquanto outro meio milhão estiveram na celebração das 16h na Catedral do Sul, a mais antiga igreja católica de Pequim, também chamada de Igreja dos Portugueses. A igreja, dedicada à Imaculada Conceição, foi a primeira construída em Pequim, no início do século XVII, por Matteo Ricci, o primeiro missionário jesuíta a chegar à China, religioso do Padroeiro Português do Oriente que, a partir de Macau, tinha como missão obter almas chinesas para a cristandade. O Padroeiro funcionou tão bem que a igreja se mantém até hoje, após reconstruções em 1657 e 1904. O nome de Igreja Portuguesa ficou, tornando-se um legado da história, testemunho que se tornou mais forte quando passou a ser necessário distinguir a Catedral do Sul da Catedral do Norte, construída em 1890 por missionários franceses. A igreja já não tem nem jesuítas e muito menos portugueses, mas continua a ser um local de fé para os católicos chineses, que encheram a nave central neste domingo. “Fiz cerca de 150 quilómetros desde a província de Hebei para vir aqui à missa, para mostrar a minha devoção a Nossa Senhora”, diz Lin Peng, 38 anos, que se converteu ao catolicismo depois de trabalhar para uma multinacional americana e um dos que participou na missa. No meio da eucaristia, encontravam-se umas jovens de farda roxa que orientavam a multidão, funcionárias públicas do Departamento dos Assuntos Religiosos, lembrando que o padre e a missa da Igreja dos Portugueses não fazem parte da Igreja de Roma, mas sim da Igreja Oficial Chinesa, que não reconhece o Papa e só responde ao governo de Pequim. A cisão entre a Santa Sé e o governo chinês (que não têm relações oficiais) e a disputa sobre a nomeação dos bispos na China faz com que os cerca de 14 milhões de chineses católicos se dividam entre a igreja oficial, com cerca de quatro milhões de fiéis, e entre a igreja leal ao Vaticano, na clandestinidade, com cerca de dez milhões de seguidores. Com Agência Lusa

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